Projecto AIRS combina inteligência artificial e detecção remota para monitorizar fitossanidade da vinha

Agriculture Innovation using Remote Sensing (AIRS) é um projecto que pretende combinar as áreas da inteligência artificial e da detecção remota, para criar uma solução tecnológica que permita monitorizar a fitossanidade da vinha, utilizando imagens de satélite obtidas pela Agência Espacial Europeia (ESA). Esta iniciativa foi aprovada pelo programa Promove “la caixa” em Outubro de 2022, reúne a empresa TeroMovigo, a Universidade da Beira Interior (UBI) e o Laboratório Colaborativo Food4sustainability (F4S Colab) e a área de estudo para o projecto será cedida pela Adega Cooperativa de Pinhel, com a participação dos seus associados.

Os promotores do AIRS referem que o principal ponto de inovação deste projecto consiste no «uso de imagens de alta resolução espacial (adquiridas por Veículos Aéreos Não Tripulados – VANT [vulgarmente designados como drones]) para aumentar a resolução de imagens provenientes do satélite Sentinel-2, utilizando inteligência artificial». Segundo um comunicado, «os resultados serão disponibilizados e integrados numa plataforma de serviços digitais para Portugal, proporcionando aos agricultores uma forma eficaz de monitorizar a saúde das suas culturas».

«Ao fornecer informação sobre quando e onde as plantas necessitam de água e nutrientes, o AIRS permitirá uma optimização e gestão eficiente de recursos agrícolas na vinha (água e nutrientes), o que, por sua vez, conduzirá a uma maior resistência a variações das condições meteorológicas (mais frequentes devido às alterações climáticas)», explicam os promotores. Neste projecto, a TeroMovigo – empresa que desenvolve soluções no campo da geodésia e da geomática e que tem «grande experiência na gestão e execução de projectos técnico-científicos e soluções integradas de hardware para geo-aplicações com a utilização das tecnologias de drone e satélite» – é a entidade coordenadora e será responsável pela execução das observações com os drones sobre as vinhas a estudar, além de ajudar a UBI a desenvolver a metodologia da super-resolução e a preparar as imagens de satélite em colaboração com o F4S Colab.

Por sua vez, o Departamento de Informática da UBI vai ficar responsável pelo desenvolvimento do já referido método de super-resolução para imagens de satélite – usando imagens de alta resolução obtidas com drones para treinar redes neurais profundas –, irá supervisionar o trabalho de identificação das plantas nas novas imagens e também avaliará os índices vegetativos calculados para estas imagens. Por fim, o F4S Colab – sediado em Idanha-a-Nova e que tem como foco a inovação para a produção alimentar sustentável – funcionará como «a principal interface com a comunidade agrícola», sendo que organizará campanhas regulares para fazer medições in-situ – as quais vão ser utilizadas para validar os índices vegetativos calculados a partir das imagens de satélite – e ajudará na divulgação e transferência à comunidade do conhecimento resultante do projecto, através da organização de workshops e dias de campo.

Os promotores deste projecto sublinham que «as alterações climáticas levam, cada vez mais, a uma maior incidência de eventos extremos, o que em Portugal resultou em mais tempestades no Inverno, verões mais quentes e períodos de seca mais longos». «Uma forma de mitigar as alterações climáticas é a transição para métodos de agricultura mais sustentáveis, com o principal objectivo de um uso consciente dos recursos naturais e sintéticos, de maneira a reduzir o impacto ambiental e optimizar os custos de produção. A utilização consciente destes recursos pode ser realizada com a adopção de ferramentas da agricultura 4.0, como a digitalização, a inteligência artificial e a agricultura de precisão», assinalam.

Artigo publicado originalmente em Revista Frutas, Legumes e Flores.


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