
Financiado pela União Europeia com 6,5 milhões de euros, o projeto vai desenvolver soluções naturais e sustentáveis para combater bactérias que causam grandes perdas nas culturas hortícolas.
O projeto europeu POMATO foi oficialmente lançado com o objetivo de enfrentar as doenças bacterianas que afetam as culturas de batata e tomate, duas das hortícolas mais relevantes para a alimentação e a economia global. Financiado pela União Europeia, ao abrigo do programa Horizonte Europa, com um orçamento total de 6,5 milhões de euros, o projeto pretende desenvolver estratégias sustentáveis e seguras que permitam reduzir as perdas agrícolas e reforçar a resiliência dos sistemas alimentares na Europa e na América Latina.
A reunião de arranque decorreu nos dias 13 e 14 de maio de 2025, na Universidade de Burgos (Espanha), entidade que coordena o consórcio. O encontro reuniu os 16 parceiros do projeto — entre universidades, centros de investigação, PME, empresas agroquímicas e agricultores — que vão trabalhar em conjunto durante os próximos quatro anos, até abril de 2029.
Duas bactérias sob vigilância
O POMATO centra-se no combate a duas bactérias particularmente destrutivas: Clavibacter sepedonicus, responsável pela podridão anelar da batata, e Ralstonia solanacearum, que causa murchidão bacteriana em diversas espécies, incluindo o tomateiro.
Ambos os microrganismos estão classificados como pragas de quarentena A2 pela Organização Europeia e Mediterrânica para a Proteção das Plantas (EPPO), representando riscos significativos para a agricultura e para o comércio internacional.
Para enfrentar esta ameaça, o projeto vai desenvolver estratégias integradas de gestão de pragas (IPM), baseadas em soluções naturais e ambientalmente seguras. Estas incluem tecnologias avançadas de deteção precoce, métodos de controlo biológico e ferramentas digitais de apoio à decisão para agricultores e técnicos.
As soluções serão avaliadas de acordo com o quadro Safe and Sustainable by Design (SSbD), garantindo a segurança, sustentabilidade e viabilidade das práticas desde a fase de conceção até à aplicação em campo.
Os ensaios experimentais vão decorrer tanto em estufas controladas como em campos naturalmente infetados, em vários países da Europa e da América Latina, assegurando que as tecnologias desenvolvidas podem ser adaptadas a diferentes condições agrícolas e climáticas.
Portugal contribui com tecnologia e sustentabilidade
Em Portugal, o Food4Sustainability desempenha um papel essencial no POMATO, apoiando a disseminação e valorização das inovações do projeto através de atividades de envolvimento com diferentes atores e partes interessadas.
A instituição portuguesa será também responsável pela aquisição de imagens de drones em campos de tomate infetados e pelo desenvolvimento de modelos baseados em inteligência artificial para deteção precoce de doenças, além de participar na validação de ensaios de campo em culturas europeias de batata e tomate.
Contributo para o futuro sustentável da agricultura
Com uma duração de quatro anos (2025–2029), o POMATO pretende transformar a forma como as doenças bacterianas são geridas nas culturas solanáceas, contribuindo diretamente para os objetivos do Pacto Ecológico Europeu e da Estratégia “Do Prado ao Prato”.
Mais do que um projeto científico, o POMATO simboliza um esforço coletivo pela segurança alimentar e pela sustentabilidade ambiental, reforçando a cooperação entre a Europa e a América Latina no combate às ameaças fitossanitárias globais.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.