Innoace faz, por exemplo, uma gestão inteligente e uma agricultura de precisão, que usa imagens de satélite para ajudar agricultores a tomar decisões de rega e de fertilização dos solos.
A cooperação em rede na investigação e inovação para melhorar processos e desenhar novos produtos, sobretudo na área agroalimentar, são objetivos do projeto Innoace, que junta organismos das regiões portuguesas Centro e Alentejo e Extremadura espanhola, disse o coordenador.
Francisco Hinojal apontou esta sexta-feira em Faro, na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, estes objetivos como as principais metas do Innoace, que dispõe de 4,55 milhões de euros de orçamento e é apoiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa INTERREG V-A Espanha Portugal (POCTEP) 2014-2020.
O responsável explicou que o projeto Innoace “é uma consequência”, porque nasceu a partir da “cooperação transfronteiriça em matéria de investigação e inovação” que vinha a ser feita, desde 2008, nas regiões do Centro e do Alentejo, em Portugal, e da Extremadura espanhola.
“Tudo começou com a criação de uma rede de investigação transfronteiriça, por volta do ano 2008, da convocatório do período 2007-2013, que foi, de uma maneira formal, a primeira vez que foi lançada uma rede de cooperação para as entidades de investigação”, disse o investigador do Centro de Investigação Científica e Tecnológica da Extremadura (CICYTEX).
A rede inicialmente criada também incluiu os Politécnicos de Portalegre, Castelo Branco, Beja ou centros geradores de conhecimento, como o Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar (CATAA) de Castelo Branco ou a Universidade de Évora, com os quais foram feitas “pareceria muito importante” que acabaram por se ver prejudicadas pela crise económica, afirmou.
Este trabalho permitiu, destacou Francisco Hinojal, “afiançar a relação entre investigadores” de ambos os lados da fronteira e pensar num novo projeto, “focalizado na tecnologia da informação e comunicação, mas direcionado para as empresas”.
A chegada do POCTEP 2014-2020 permitiu avançar para o projeto Innoace, que conta com os anteriores parceiros e “incluiu alguns parques científicos e tecnológicos ou incubadoras de empresas, como o Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, o novo parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, em Évora”, num total de 14 instituições das três regiões.
Foi assim possível continuar com “a rede de investigação e inovação, mas olhando para as empresas, a maioria no setor agroalimentar”, e iniciar um “processo de empreendedorismo, com base tecnológica”, focado na “investigação e inovação” e com “atividade para melhoria de processos e desenho de novos produtos”, acrescentou.
“Fazemos uma gestão inteligente e uma agricultura de precisão, que utiliza imagens de satélite e ajuda os agricultores a interpretar imagens gratuitas do satélite Sentinel, da União Europeia, para terem mais informação para tomar decisões sobre rega dos seus cultivos ou um uso mais eficiente da fertilização e, com isto, diminuir custos”, exemplificou.
Há também a parte de desenho de produtos, como “queijos de leite crua, mas pasteurizados”, ou “desidratados de fruta, novas bebidas”, através de acordos de cooperação que já foram estabelecidos com 30 empresas, enumerou.
A mesma fonte sublinhou que os produtos desenvolvidos pelo Innoace “não são só para uma empresa”, porque é “desenhada uma fórmula standard e os resultados são partilhados por todos”, com “o objetivo de diminuir riscos e custos de investimento”.
“Conhecem novas possibilidade e podem depois, a partir daí, começar a desenvolver produtos mais próximos da sua área de produção”, precisou, frisando que o Innoace prevê a realização de parcerias até final do projeto, em dezembro deste ano, com 50 empresas.
Como as entidades espanholas têm “mais financiamento”, na ordem dos dois terços, para um terço das entidades portuguesas, há, “como é natural, mais empresas do lado espanhol”, reconheceu.
Francisco Hinojal disse, no entanto, que para o futuro fica “a cooperação transfronteiriça” e a parceria entre “empresas portuguesas e centros espanhóis ou empresas espanholas e institutos portugueses”.
“Isso é o mais importante, porque ao final do trabalho gera-se essa confiança”, destacou, fazendo um “balanço positivo” do projeto, que “só pela cooperação era muito importante”, mas permite também “combinar recursos e ganhar competitividade e escala” nestes territórios.