
A associação ambientalista Sciaena congratulou-se esta quarta-feira com a decisão do Governo de criar a Área Marinha Protegida (AMP) do Banco de Gorringe, sudoeste do Algarve, mas pede a adoção de medidas que tornem efetiva a proteção.
A associação está em Nice a participar na terceira Conferência da ONU sobre o Oceano (UNOC3) e emitiu uma nota logo após o anúncio da ministra do Ambiente, Maria Graça Carvalho, que foi feito em conferência de imprensa também na UNOC3.
Para a Sciaena, deve ser assegurado “que as práticas de pesca destrutivas e outras atividades extrativas que comprometem os objetivos de conservação destas áreas são efetivamente proibidas em pelo menos 10% da rede”.
Segundo Henrique Folhas, responsável pelos temas das Áreas Marinhas Protegidas e Restauro da Sciaena, “esta é uma excelente decisão, que visa proteger um dos ‘hotspots’ de biodiversidade marinha mais importantes para Portugal. Mas há que dar continuidade a este anúncio, nomeadamente com a designação da Rede de Áreas Marinhas Protegidas da zona de Portugal continental e, sobretudo, com a adoção de medidas efetivas que tornem efetiva a proteção”.
A Sciaena alerta ainda para a importância do “apoio aos pescadores para se adaptarem à criação das novas AMP”, considerando que “é essencial que este se foque na transição para a pesca de baixo impacto e na criação de atividades económicas complementares, nomeadamente as que beneficiam e dependem da conservação do ambiente”, afirma Gonçalo Carvalho, coordenador executivo da Sciaena, citado em comunicado.
A ministra disse que o Banco de Gorringe, cerca de 200 quilómetros a sudoeste do Cabo de S. Vicente, Algarve, é uma zona com dimensão considerável – 180 quilómetros de comprimento – e que “irá projetar [o país] para uma percentagem muito perto dos 30%” de área marinha protegida. Segundo a ministra, Portugal ficará com 27% de área marinha protegida.
O banco de Gorringe tem dois picos principais, os montes submarinos Gettysburg e Ormonde, que apesar de submersos, ao elevarem-se desde profundidades de cerca de 5.000 metros são mais altos do que as montanhas do Pico (Açores) e Serra da Estrela juntas e são as montanhas mais altas da Europa ocidental. São ecossistemas de elevada biodiversidade, com habitats que vão desde florestas de algas perto da superfície até recifes de coral de água fria a grandes profundidades.
O banco de Gorringe foi originalmente cartografado em 1875 por Henry Gorringe, comandante do navio da marinha dos Estados Unidos USS Gettysburg.
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