Ambientalistas defendem soluções muito mais baratas para captar e armazenar água do Tejo. Estudo da Agricultura sobre possibilidade de construção de cinco açudes, duas barragens e um túnel apresentado em Outubro.
O movimento ProTejo apresentou ao ministro Duarte Cordeiro, na semana passada, um conjunto alargado de argumentos contra a possibilidade de desenvolvimento do chamado Projecto Tejo, uma ideia proposta por empresários agrícolas ribatejanos que visa potenciar as capacidades agrícolas e turísticas da região. Os ambientalistas mostram-se preocupados com as recentes declarações da ministra da Agricultura, que anunciou a apresentação do estudo de viabilidade do projecto já em Outubro e deixou entender que acredita nas suas virtualidades.
Para além de recear os seus “enormes impactos ambientais”, o ProTejo salienta que o Projecto Tejo envolve investimentos globais de 4,5 mil milhões de euros, equivalentes a quase um terço do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e defende que bastaria investir cerca de 150 milhões de euros em novos sistemas de captação de água do Tejo e no seu armazenamento em bacias de retenção situadas fora do rio.
Certo é que a ministra Maria do Céu Albuquerque disse, no dia 21, na abertura da Alpiagra (feira agrícola de Alpiarça), que o Ministério da Agricultura já concluiu o estudo técnico de viabilidade económica e ambiental do “Projecto Tejo”, que deverá ser apresentado já em Outubro. A titular da pasta da Agricultura acrescentou que está a ser avaliada a utilização da barragem do Cabril (Zêzere) para fins hidro-agrícolas na zona do Vale do Tejo e que parte da água desta barragem pode ser desviada (através de um túnel) para alimentar as reservas de água previstas no “Projecto Tejo”.
“Está em revisão e actualização o contrato de concessão em relação à utilização dos recursos hídricos na albufeira do Cabril e pondera-se a possibilidade do Projecto Tejo ter um volume reservado para fins agrícolas através dessa albufeira”, observou a ministra da Agricultura.
O Projecto Tejo, proposto desde 2018 pelos proprietários da Quinta da Lagoalva, situada exactamente no concelho de Alpiarça, pretende constituir-se como “um aproveitamento hidráulico de fins múltiplos”, que permita a rega do Vale do Tejo, do Oeste e da península de Setúbal com águas superficiais; o controlo da intrusão salina que sobe Tejo acima nos períodos mais secos e a drenagem e a redução dos danos das cheias.
“O projecto prevê, também, a navegabilidade do rio, potenciando o transporte fluvial e o turismo e lazer, a reposição de condições para o desenvolvimento das espécies piscícolas tradicionais, potenciando a pesca e aquacultura, a produção de electricidade verde nos açudes e barragens a construir”, sugerem os promotores da ideia, vincando que o seu desenvolvimento permitirá expandir as áreas de regadio do Vale […]