Agricultores indianos convocaram para hoje uma greve geral em protesto contra a reforma agrícola, estendendo a todo o país os protestos de dezenas de milhares de camponeses que há quase duas semanas bloqueiam as entradas da capital Nova Deli.
A greve geral, a segunda no país em menos de um mês contra as políticas do Governo liderado pelo partido Bharatiya Janata (BJP), ocorre depois de terem ocorrido várias reuniões, nos últimos dias, entre associações de agricultores e o governo indiano, sem que tenha havido acordo.
“Foi um sucesso surpreendente. Não contávamos com o apoio de setores da sociedade que se pronunciaram espontaneamente em todos os estados”, disse Avik Saha, secretário do sindicato AIKSCC, um dos organizadores da greve geral e dos protestos que têm atingido especialmente o norte da Índia desde há duas semanas.
Saha disse que o apelo para se manifestarem “foi especialmente bem-sucedido” em estados não governados pelo BJP, do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Outros estados governados pelo BJP, como o norte de Haryana e Uttar Pradesh, viveram “cenas vergonhosas de repressão contra os agricultores que tentaram expressar o seu descontentamento através da greve”, disse o sindicalista.
Enquanto continuam os bloqueios em várias entradas de Nova Delhi e muitas cidades como Bangalore foram palco de manifestações, em outras cidades, como Bombaim, os serviços foram afetados e alguns mercados foram fechados.
Os manifestantes, que contam com o apoio da oposição, exigem a retirada das polémicas reformas que procuram liberalizar os preços e a quantidade vendida de determinadas culturas, e permitem que os agricultores possam vender os seus produtos a empresas, ao preço que desejarem, em vez de vender em mercados regulados pelo Governo como acontecia.
O governo defendeu a reforma como necessária e positiva para os agricultores.
No entanto, vários partidos da oposição denunciaram, num comunicado conjunto divulgado antes da greve geral, que as novas leis “ameaçam a segurança alimentar da Índia, destroem a agricultura e os agricultores indianos e são o primeiro passo para a abolição do preço mínimo”.
O Partido do Homem Comum (AAP), que governa a capital indiana, afirmou que o chefe do governo regional, Arvind Kejriwal, foi colocado em prisão domiciliária após visitar um grupo de agricultores que bloqueou uma das entradas do Nova Deli.
“Ninguém pode sair ou entrar na sua casa”, disse o partido, declaração que a polícia da capital nega.
O ministro do Interior, Amit Shah, pediu hoje uma nova ronda de negociações, ao que as organizações de agricultores já responderam que irão “como cortesia”.
“Não acreditamos ter nada a discutir com o ministro do Interior do país, uma vez que se trata de um problema agrícola”, explicou Saha.