Quatro concelhos da região Centro e Algarve estão esta sexta-feira em perigo máximo de incêndio, que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê que aumente nos próximos dias, com a previsão de temperaturas a subir. Mais de 80 municípios estão em perigo muito elevado e 90 em perigo elevado, o que levou a Protecção Civil a pedir à população “precaução nas acções, especialmente nos espaços agrícolas e nos espaços florestais” nos próximos dias.
Em conferência de imprensa, Alexandre Penha, adjunto de Operações da Protecção Civil, explicou que existe um conjugação de factores que resultou num maior perigo de incêndio para grande parte do território português: o aumento da temperatura, a diminuição da humidade, especialmente durante o período nocturno, e a “instabilidade atmosférica” que pode acontecer a partir do dia 28 de Junho, com possibilidade de ocorrência de trovoadas secas nas zonas do Algarve, interior sul, norte e centro.
“A vegetação não vai recuperar da falta de humidade, vai secar cada vez mais, e o combustível mais seco arde muito mais facilmente. No caso de uma queda de um raio, pode dar-se o início a uma ignição de uma forma natural. As condições estão lá, o combustível também. A única coisa que está a faltar é a mão humana e a ignição. Há risco de termos incêndios que têm potencial para crescer”, alertou o responsável da Pro Civ.
Penha garantiu que “os meios estão colocados no território” e que as autoridades portuguesas irão proceder ao ajustamento dos mesmos com base no risco de incêndio nas diferentes áreas do país. “Nesta madrugada houve o primeiro incremento de meios, passávamos de nível de prontidão normal para o nível 1. Na próxima madrugada vamos fazer elevação para o nível 2. O sistema de Protecção Civil está sempre apto a reagir e a incrementar os meios”, disse.
Alexandre Penha explicou ainda que a maior parte dos incêndios rurais tem mão humana, ainda que algumas vezes “sem intenção”, tratando-se de “acidentes”, e pediu que a população “evite qualquer acção que possa dar início a uma ignição, o que inclui trabalho com maquinaria” ou fazer fogueiras ou queimadas. “Na limpeza dos terrenos, evitar usar material mecânico que possa causar chispas, especialmente nas horas de maior risco, a partir do final da manhã até ao princípio da noite. Se possível, evitar de todo este tipo de trabalhos para não termos que recorrer à capacidade de supressão para fazer-se de face esses incêndios”, apontou.
As autoridades estarão especialmente atentas à zona interior do país, que “estará mais exposta ao risco de incêndio”. “O dispositivo está sempre em atenção, seja no período diurno, seja no período nocturno. As noites tropicais, pela ausência da recuperação da humidade nos combustíveis, atraem mais alguma preocupação. Se a vegetação não recupera a humidade durante a noite, no dia seguinte vai secar ainda mais”, explicou ainda.
Nesta sexta-feira, estão em perigo máximo de incêndio os concelhos de Proença-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira, no distrito de Faro, mas o IPMA prevê que este nível se estenda no sábado a cerca de 40 concelhos do interior Centro e do Algarve, alargando-se no domingo a outros municípios tanto no Centro como no Norte do país.
Segundo o IPMA, mais de 80 municípios do interior Norte, Centro e da região do Algarve estão em perigo muito elevado. Outros cerca de 90 concelhos dos distritos de Faro, Beja, Évora, Setúbal, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Bragança, Viseu, Coimbra, Aveiro, Porto, Braga, Leiria, Lisboa e Santarém estarão em perigo elevado.
De acordo com os cálculos do instituto, o perigo de incêndio vai aumentar nos próximos dias, a par de uma subida das temperaturas na ordem dos 10 graus Celsius, prevendo-se em algumas regiões máximas acima dos 40 graus.
O IPMA prevê para esta sexta-feira no continente céu pouco nublado ou limpo, com nebulosidade matinal no Norte e Centro, e uma subida de temperatura, em especial da máxima. As temperaturas mínimas vão oscilar entre os 15 graus Celsius (Braga e Viana do Castelo) e os 25 (Faro) e as máximas entre os 25 (Viana do Castelo) e os 40 (Évora)
Por causa do tempo quente, 12 distritos de Portugal continental vão estar no fim-de-semana sob aviso laranja, o segundo mais grave numa escala de três, que é emitido pelo IPMA sempre que existe “situação meteorológica de risco moderado a elevado”. Com Lusa