José Pena

Quem não é visto não é lembrado – José Pena

Recentemente uma publicação no meu LinkedIn atingiu as 13000 visualizações e acho que não foi só a minha rotina que parou para a ler ou compreender. Não consegui ainda compreender se este valor é elevado ou não para uma publicação nesta rede, pessoalmente foi um crescimento exponencial de 2000% (!) face a outras, e mais uma publicação que fiz acerca do meu quotidiano. A pergunta que os leitores devem estar a fazer neste momento é o porquê de escrever sobre isto ou qual o propósito da publicação, pois passo a explicar: é o conteúdo da mensagem e abrangência que ela teve, quer na área em que me insiro quer na faixa etária que ela teve impacto.

Passando então a explicar a publicação, é curta e objetiva, possuí uma fotografia de uma sala de ordenha de leite de vaca (da minha autoria) e um texto também da minha autoria onde explico um acontecimento real numa entrevista de emprego que tive onde foi questionada o fundamento da única experiência profissional “palpável” que disponho à data – que é a de trabalhador agrícola (e o que realmente fazia, qual a mais-valia que se podia tirar disso) – e em que eu explico o quanto essa experiência contou para prosseguir estudos e fazer da Agronomia a minha profissão e também o maior gosto pessoal com que me identifico.

Não me quero alongar muito mais na publicação, porque ela é pública e qualquer pessoa pode aceder e visualizar, queria mesmo falar acerca desta, e o que leva ao impacto: primeiro, e mais do que os números que ela atingiu, foi a faixa etária consideravelmente jovem ou jovem-adulto que se identificou com o seu conteúdo e depois acrescentou a sua opinião (os comentários merecem partilha e uma leitura cuidada) e a sua experiência pessoal e profissional; segundo, e talvez seja o cerne da questão, é os leitores da publicação reforçarem aquilo que também eu quis reforçar – toda a experiência conta e deve ser valorizada – e identificarem-se nessa mensagem, no início ou a meio dos seus percursos ou experiências que já referi em cima.

Utilizo o LinkedIn há bastante tempo, no perfil apresento informações genéricas acerca de mim e do meu percurso académico e profissional, e tento atualizar frequentemente com as vivências e conhecimentos práticos do dia-a-dia agrícola. Existe uma citação, de autor desconhecido, regularmente utilizada em marketing que diz “Quem não é visto não é lembrado”, e apesar de não ser nem achar que seja um influencer, esta é a rede que mais utilizo pela interação direta com outros profissionais e pela atualização constante que fornece sobre o sector – exigindo com isso um padrão de publicações pertinente e de vínculo próprio. O que seria mais uma publicação tornou-se na ótica do leitor um “desabafo”, mas que para mim foi algo tão real que também aconteceu com outras pessoas, e que acontece.

Não queria deixar de acrescentar uma nota mais pessoal neste artigo onde gostava de, agora sim, demonstrar um propósito e opinião que tenho assistido e sentido. Um dos comentários diz-nos que nunca devemos esconder quem realmente somos e nessa perspetiva eu procuro deixar a minha marca pessoal no que faço ou no que participo e se ao longo da vida tive que ter coragem e percepção do que ia enfrentar no futuro então tenho que mostrar o espírito e conhecimento que daí adveio pois vai ser isso que me vai distinguir no mercado para “não ser mais um” e o que poderão esperar de mim no desempenho de funções.

Queria finalizar com uma citação que certamente grande parte do meu círculo de confiança já me ouviu dizer e explica o quanto a vida é um processo contínuo de aprendizagens: Quando eu entrei na faculdade era um miúdo cheio de certezas do que queria fazer e ia ser – estava completamente errado – estudar agronomia e entrar agora no mercado de trabalho mostrou exatamente isso e os dados adquiridos tornaram-se ferramentas úteis de ter e levar para a aplicação no quotidiano.

Não ter medo de sujar as mãos para aprender e demonstrar a hombridade de assumir e questionar faz parte do meu percurso, a faculdade aprimorou e o futuro vai demonstrá-lo. Somos mais do que uma folha de currículo e certamente muitos de nós só estamos á procura de uma oportunidade para ir à luta e nos mostrarmos, temos é que criar as condições para isso, com a transparência do que somos e ao que vamos.

José Pena

Estudante do Mestrado em Engenharia Agronómica na ESA-IPVC

Sejamos agro-curiosos – José Pena


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