Guardiões da Amazónia: A luta indígena contra a invasão e a destruição da floresta
Comunidades indígenas enfrentam violência armada para proteger território ameaçado por mineração, pesca ilegal e desflorestação.
No coração da Amazónia, a paisagem verdejante esconde uma batalha feroz. As comunidades indígenas, que há séculos vivem em harmonia com a floresta, estão na linha da frente contra invasores que exploram ilegalmente os recursos naturais. Mineração, pesca, tráfico de drogas e desflorestação são apenas algumas das ameaças que colocam em risco não só o ecossistema, mas também a sobrevivência cultural destes povos.
“Temos de proteger o território porque está a ser tomado. Aqui acontece de tudo e estamos no meio disso. Temos de ser corajosos.”
Os Guardiões, como são conhecidos, percorrem diariamente o território para identificar intrusos. A missão é arriscada: por trás de pescadores ilegais, muitas vezes escondem-se redes criminosas armadas.
“Uma patrulha como esta pode ser bastante emocionante, porque nunca sabemos quem vamos encontrar. Procuramos pescadores ilegais, mas muitas vezes há organizações criminosas por trás deles.”
A situação é crítica. Todos os anos, dezenas de guardas indígenas são assassinados na Amazónia. A comunidade Munduruku-Takuara, que vive na região há séculos, vê o seu território cada vez mais pressionado. Do céu, é evidente: as árvores nas fronteiras já foram derrubadas e, nos rios, pescadores ilegais tentam avançar.
“Antes também tínhamos intrusos, mas não tantos como agora. Aqui vivemos da natureza. Sem natureza, nós, como comunidade indígena, não temos vida.”
Perante a ameaça constante, até crianças participam na defesa da floresta. A aposta em tecnologia é uma arma importante, os drones ajudam a monitorizar lagos e áreas de floresta, detetando atividades ilegais.
As baleias estão mais magras, porque será?
Um estudo realizado na costa da África do Sul revela que as baleias-francas-austrais estão até 25% mais magras e a reproduzir-se com menos frequência, consequência direta da falta de alimento provocada pelas alterações climáticas.
Migram todos os anos do Polo Sul para baías africanas, onde dão à luz. Mas agora, o degelo da Antártida obrigar os cetáceos a percorrerem distâncias maiores para se alimentarem. A escassez de krill, pequenos camarões que vivem em águas geladas, alterou o ciclo das baleias-francas-austrais que estão cada vez mais magras. A zoóloga belga Els Vermeulen recolhe amostras de pele para analisar o estado de saúde destes animais.
“Vemos que as baleias têm menos crias. Em vez de a cada três anos, agora é a cada quatro ou cinco. E estão mais magras.”
A redução do número de baleias não afeta apenas a biodiversidade. Em regiões como Hermanus, na África do Sul, onde a observação é uma fonte essencial de rendimento, o cenário é preocupante.
“Seria catastrófico se as baleias deixassem de vir. Tudo aqui gira em torno delas: a Costa das Baleias, hotéis de Baleias, observação de baleias. Estamos todos envolvidos.”
Se as baleias tiverem de viajar para águas mais frias, como as da América do Sul, para encontrar alimento, a questão é saber se terão força suficiente para sobreviver a essa longa jornada.
Restaurante de luxo em Marselha oferece refeições gratuitas a pessoas carenciadas: “É a minha segunda família”
Entre pratos gourmet e mesas elegantes, um restaurante francês está a quebrar barreiras sociais ao reservar parte das suas mesas para quem vive na pobreza. Uma iniciativa que já inspira outros espaços na cidade.
Elegância, pratos cuidadosamente preparados e ingredientes de alta qualidade. À primeira vista, o restaurante Chaleur, em Marselha, parece apenas mais um espaço de alta gastronomia. Mas há algo que o distingue, entre 10% e 20% das mesas são reservadas para pessoas que não têm meios para pagar e não desembolsam nem um cêntimo.
“Queremos criar ligações e quebrar os estereótipos associados à pobreza.”
Raphaël Reynard é o proprietário do restaurante e fala de uma ideia simples, mas poderosa.
“O objetivo é dar-lhes uma refeição, mas também um momento de convivialidade e simpatia. Queremos criar um ambiente familiar entre mundos que, à partida, não se cruzariam.”
Para muitos, esta hora à mesa é mais do que um prato quente. É um espaço de pertença. Michelle é sem-abrigo há cinco meses.
“Obrigado do fundo do coração. É ótimo ter pessoas assim por perto. Para mim, isto é a minha segunda família.”
O conceito, que começou com o Chaleur, já se expandiu. Pelo menos mais dez restaurantes em Marselha seguiram a ideia que solidariedade em vez de exclusividade. Mas como se financia esta ideia? A sustentabilidade do projeto assenta num equilíbrio simples: os menus pagos financiam os gratuitos. Ao almoço, um menu de três pratos custa 26 euros, ao jantar, cerca de 40 euros.
“À noite, os preços são mais elevados, e isso permite financiar as refeições que oferecemos no dia seguinte.
Os empregados de mesa e o chef do restaurante acolheram a ideia solidária com um sorriso e defendem as vantagens.
“A comida é tudo: é intimidade, é infância, é cultura, cria ligações sociais. É saúde e, no fundo, também é política.”
Até os clientes que pagam têm tido uma reação positiva. Muitos consideram a ideia inovadora e há até quem recorde os valores da República Francesa.
“É fantástico, cria um sentido de solidariedade no bairro. Igualdade, liberdade, fraternidade. Mas a igualdade está a sofrer. Palavras são palavras, as ações são melhores.”
O modelo de Marselha está a ganhar notoriedade e pode tornar-se uma referência para outras cidades. Num tempo em que a desigualdade social é cada vez mais evidente, iniciativas como esta mostram que a gastronomia pode ser um instrumento de inclusão e dignidade.
Esqueça o ginásio, o treino cultural pode ser a chave para uma boa saúde
Olhar para arte pode ser tão benéfico para a saúde como uma ida ao ginásio. A conclusão é de um estudo da King’s College de Londres que analisou os efeitos físicos da exposição a obras-primas de artistas como Manet, Van Gogh e Gauguin.
50 participantes, entre os 18 e os 40 anos foram divididos em dois grupos: um visitou a Courtauld Gallery, em Londres, para ver pinturas originais; o outro observou reproduções em ambiente neutro. Durante a experiência, foram monitorizados indicadores como frequência cardíaca, temperatura da pele e níveis de cortisol, a hormona do stress.Os resultados foram surpreendentes. O cortisol caiu 22% nos visitantes da galeria. Os marcadores inflamatórios, associados a doenças como diabetes e depressão, reduziram até 30%. Tony Woods é o investigador-chefe do estudo da King’s College de Londres.
“A diferença entre estar aqui e ver arte real, comparando com ver cópias no laboratório, foi enorme.”
O estudo reforça a aposta do NHS (Serviço Nacional de Saúde britânico) na chamada prescrição social, que inclui visitas a museus e galerias como parte da prevenção de doenças. Só este ano, mais de 1,5 milhões de pessoas recorreram a este tipo de iniciativa no Reino Unido.
“A estratégia do governo é sobre prevenção. Investir em arte é um presente, porque mantém as pessoas fora dos hospitais.”
Para os amantes da arte, esta descoberta não é novidade. O ator e colecionador Russell Tovey, coapresentador do podcast Talk Art, diz que há muito alerta para os benefícios da arte.
“É bom para a saúde, para a mente e para o bem-estar estar num museu e rodeado de arte. Se comer bem, fizer exercício e visitar galerias regularmente, a sua saúde vai disparar.”
Com a quebra de visitantes e cortes de financiamento, estas conclusões podem ser uma oportunidade para revitalizar as instituições culturais. Aos 10 anos, Charlie parece já ter sentido as vantagens da arte.
“Faz-me sentir calmo e prende-me a atenção.”
A equipa da King’s College de Londres vai agora estudar quanto tempo duram os efeitos positivos e avaliar o impacto em pessoas mais velhas. Uma coisa parece já ser clara: a arte pode ser tão essencial para a saúde como a alimentação equilibrada ou o exercício físico.
Repórteres do Mundo mostra as diferentes perspetivas e a diversidade cultural em reportagens das mais de 40 televisões parceiras da SIC. Sábado, às 15h30, na SIC Notícias.