Publicado em 9 de Maio, 2025
Parece que é desta que os dias solarengos de primavera, a pedirem convívios em esplanadas, refeições mais leves e tardes prolongadas, vieram para ficar. A acompanhá-los está já no mercado um trio de Vinhos do Tejo a condizer, com a assinatura da Quinta da Lagoalva e da autoria da dupla de enólogos Pedro Pinhão e Luís Paulino, são os primeiros vinhos resultantes da última vindima: Lagoalva branco, Lagoalva Sauvignon Blanc e Lagoalva rosé, de 2024.
Tendo em comum o ciclo vitivinícola de 2024, importa referir que são, consequentemente, vinhos mais frescos e com uma acidez mais vincada do que no ano anterior. Uma nota bastante positiva e que revela o potencial que a região dos Vinhos do Tejo tem, mesmo em realidade de alterações climáticas evidente. O ano de 2024 teve menos picos de calor, em termos aromáticos, são vinhos mais exuberantes e com notas mais frescas. A destacar o facto de a Quinta da Lagoalva estar atenta às tendências, tendo vindo a produzir vinhos com menos teor alcoólico (10,55% no rosé e 11,30% no branco), nomeadamente na gama Lagoalva: mais eclética no que toca ao perfil de consumidor e aos momentos de consumo. São vinhos descomplicados, sem fermentação ou estágio em barricas, a revelar os aromas e frutas primários – e, acima de tudo, bastante honestos.
No que toca aos brancos, iniciemos a nossa viagem sensorial pelo Lagoalva branco 2024 (€5,49), um blend ou vinho de lote, onde à Fernão Pires (80%) – casta rainha da região –, se juntam a Arinto (10%) e a Sauvignon Blanc (10%), numa conjugação a destacar notas de fruta citrina e pera, no nariz, e exuberância, boa acidez e equilíbrio na boca. Internacional, mas uma casta “bastante querida” na Quinta da Lagoalva e cuja área é a mais expressiva da propriedade, remonta a 2009 o primeiro monocasta de Sauvignon Blanc, no seio deste produtor. Com um perfil bastante distinto do Lagoalva branco, num registo de aromas e sabores bastante característicos da variedade, o Lagoalva Sauvignon Blanc 2024 (€6,99) evidencia notas vegetais, a lembrar espargos, conjugadas com fruta tropical, do nariz à boca, que é fresca, equilibrada e com boa acidez. O Lagoalva rosé 2024 (€5,49) resulta de uma “sociedade com direitos igualitários” entre a Touriga Nacional e a Syrah – casta que teve na Quinta da Lagoalva o seu primeiro berço em Portugal, há 40 anos, sendo quase uma nativa e permitindo assim que este seja um vinho certificado como Vinho Regional Tejo. De cor rosa-pálido, revela morango e framboesa no aroma, sendo um rosado muito equilibrado, fresco e fácil de se (de)gustar!
Com 660 hectares contíguos, a Quinta da Lagoalva estende-se pela margem sul do rio Tejo, em Alpiarça, a 10Kms de Santarém e a cerca de uma hora de Lisboa. Pertença da família Holstein Campilho, é uma das maiores e mais antigas casas agrícolas do Ribatejo e a mais emblemática – até pela dimensão histórica e cultural – de um coletivo de propriedades do Grupo Lagoalva. Com uma eclética oferta de enoturismo, este tempo, primaveril, é ideal para uma visita e prova – deste trio ou de outros –, seguida de uma experiência mais demorada, com almoço ou passeio de charrete, por exemplo.
O artigo foi publicado originalmente em Gazeta Rural.