Vinhas por medida na origem dos novos vinhos Quinta de Monforte
A originalidade do lugar define o projeto. Oriundos de vinhas em terraços de muros de granito, os novos vinhos da Quinta de Monforte são versáteis, leves e suaves e ainda complexos e estruturados. A modernidade dos Vinhos Verdes também passa por Penafiel.
Integrada numa encosta com vista para a cidade de Penafiel, a Quinta de Monforte tem o encanto típico dos solares da região de Vinhos Verdes e ainda uma modernidade discreta. Assim é também com os vinhos ali produzidos: aromáticos, leves e frescos, mas igualmente vinhos minerais e estruturados, na linha dos vinhos mais complexos que a região tem vindo a valorizar.
“A vinha em encosta e a exposição a sudoeste favorecem um processo de maturação das uvas mais completo e um grande equilíbrio entre álcool e acidez. Aqui conseguimos naturalmente chegar aos 12-13 graus de teor alcoólico, o que nem sempre acontece nos Vinhos Verdes. Estas maturações permitem-nos acrescentar estrutura e complexidade aos vinhos que produzimos”, explica o enólogo do projeto, Francisco Gonçalves. Neste sentido, os vinhos Quinta de Monforte “saem um bocadinho do registo dos Vinhos Verdes muito frutados e aromáticos”, acrescenta.
“A nossa aposta está em apresentarmos vinhos muito bem feitos. O que para nós significa conjugar a frescura, mineralidade e a intensidade aromática típica dos Vinhos Verdes com a complexidade de vinhos mais estruturados. Em síntese, queremos os extras todos nos nossos vinhos”, contextualiza ainda o produtor, Daniel Rocha.
Viticultura por medida
A originalidade dos vinhos da Quinta de Monforte nasce do lugar. Instaladas em terraços sustentados por muros de granito, uma particularidade pouco comum nos Vinhos Verdes, as vinhas da quinta beneficiaram de uma intervenção de fundo quando o empresário Daniel Rocha adquiriu a propriedade, em 2014.
A movimentação de solos realizada permitiu a reorientação solar das parcelas e a melhoria da estrutura do solo. A par, foi construído um sistema de drenagem em toda a quinta e preservadas zonas de floresta (a área total da Quinta de Monforte tem de cerca de 100 hectares) que favorecem a manutenção de habitats diversificados.
Na instalação da vinha destaca-se a implementação de bardos de videiras com uma altura acima do normal (2 metros) e compasso apertado (1 metro), permitindo a criação de uma parede vegetativa que favorece o aproveitamento do sol e, consequentemente, uvas mais arejadas e com melhores maturações.
A escolha das castas a plantar recaiu maioritariamente nas típicas da região e do Vale do Sousa: Padeiro de Basto, Vinhão, Loureiro, Azal, Alvarinho e Fernão Pires.
As diferentes parcelas de vinha estão plantadas a uma quota entre os 300 e 400 metros de altitude.
“Queremos produzir Vinhos Verdes saudáveis e minimalistas e a ferramenta principal para o conseguirmos é o estado da uva no momento da colheita. Esta reestruturação permite-nos obter uvas com a maturação desejada e vinhos com uma acidez muito equilibrada, de modo natural”, conclui Francisco Gonçalves.
Expansão e parceria
O lançamento dos primeiros vinhos Quinta de Monforte simboliza o arranque de um projeto mais ambicioso que inclui a expansão da área de vinha (atualmente de 40 hectares), a construção de uma nova adega e de uma unidade de turismo com 30 quartos.
As obras de construção da nova adega, com projeto da autoria do arquiteto Fernando Coelho, deverão arrancar ainda este ano, estando prevista a sua conclusão em 2023. A atual adega, instalada junto à casa senhorial, será mantida como espaço de ensaios para a criação de novos produtos Quinta de Monforte.
Numa perspetiva de expansão e de aproveitamento de sinergias, o produtor estabeleceu parceria com a Fundação Maria Rosa, proprietária de vinhas confinantes com a quinta. A cooperação traduz-se de várias formas, desde a partilha de recursos humanos e conhecimento, e assume em 2022 um novo passo com a entrada de Vasco Cunha Coutinho, administrador da fundação, no projeto Quinta de Monforte, para apoio à gestão agrícola e para a área da exportação.
Quinta senhorial
Pertença da família Martins na terceira metade do século XVII, a atual Quinta de Monforte tem registo documentado de 1683, ano de construção da capela que um dos bispos da família, D. António de S. Dionísio, ali mandou edificar.
Ao longo dos séculos, a quinta, então denominada Quinta da Naia, foi mudando de propriedade, tendo pertencido a algumas famílias ilustres de Portugal. Quando Daniel Rocha chega à quinta, em 2014, esta pertencia à Fundação Maria Rosa.
Por razões profissionais do pai, Daniel Rocha nasceu em Paradela de Monforte, Chaves, mas cedo regressou à terra de origem da família, tendo crescido numa casa com quarto com vista para a Quinta de Monforte.
O afeto por aquele monte forte de granito às portas de Penafiel e a memória do lugar onde nasceu estão na origem do nome que escolheu para a quinta e os novos vinhos.
A quinta inclui uma casa senhorial, onde reside a família de Daniel Rocha, cruzeiro e a referida capela.