moçambique

RCA: Metade da população sofre aguda e crescente insegurança alimentar – ONU

Metade da população da República Centro-Africana (47%) sofre de uma aguda e crescente insegurança alimentar, devido ao conflito e à pandemia, e requer ajuda urgente, alertaram quarta-feira agências da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os alertas da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em Inglês) e do Programa Alimentar Mundial (WFP, na sigla em Inglês) significam que mais de 2,2 milhões de pessoas precisam de ajuda para evitar perdas de vidas e meios de subsistência.

Estas agências quantificam em 1,6 milhões o número de pessoas que não conseguem comer todas as refeições ou são forçados a vencer o +ouço que possuem para comprar alimentação.

A estes acrescem mais de 630 mil pessoas que já venderam o último animal ou o último meio de subsistência, tiraram os filhos da escola ou começaram a pedir.

“As pessoas da República Centro-Africana (RCA) têm suportado o peso do conflito desde há uma década e a insegurança alimentar têm estado a aumentar. Mas nunca como agora as perspetivas foram tão preocupantes. (…) É crítico que ajamos depressa”, realçou a representante da FAO no país, Perpetua Katepa-Kalala.

“Nunca como agora vimos tantas pessoas à beira da sobrevivência — mais de meio milhão de pessoas estão a um passo da fome. Precisamos de agir agora para salvar vidas”, reforçou uma dirigente do WFP na RCA, Aline Rumonge.

A FAO estima uma necessidade de 31,5 milhões de dólares (25,9 milhões de euros) para assistir 970 mil pessoas durante o conjunto do ano, enquanto o WFP quantifica as suas necessidades de financiamento até setembro em 54,9 milhões de dólares.

Entretanto, na segunda-feira, a Federação Russa anunciou a entrega de um carregamento de armas ligeiras à RCA, entre as quais cinco mil espingardas AK-47.

Em comunicado, o embaixador russo no país, Vladimir Titorenko, realçou que a entrega foi feita a título gratuito.

Este é o terceiro fornecimento de material militar russo ao regime de Bangui, além de outros apoios.

Desde 2018, instrutores militares russos treinam as forças armadas a RCA e garantem a segurança no presidente.

Ao mesmo tempo, o governo centro-africano autorizou sociedades russas a desenvolverem projetos mineiros. Estas sociedades são associadas a Evgueni Prigojine, um próximo de Vladimir Putin. Este homem de negócios é também associado à Wagner, uma sociedade militar privada russa, cujos mercenários estão na RCA.

A RCA mergulhou no caos e na violência em 2013, depois do derrube do antigo Presidente, François Bozizé, por milícias agrupadas na frente Séléka, o que, por sua vez, mobilizou a oposição de outros grupos armados.

Desde então, o país é palco de confrontos entre estas duas fações, que obrigaram à fuga de quase um quarto dos cerca de cinco milhões de habitantes da RCA.

A duas semanas das eleições presidenciais e legislativas, no final de dezembro de 2020, seis dos grupos armados mais poderosos, que controlavam dois terços do país, uniram forças para derrubar o regime de Faustin-Archange Touadéra.

Portugal tem atualmente 241 militares na República Centro-Africana, dos quais 183 integram a missão das Nações Unidas (MINUSCA – Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana).

Os restantes 58 militares portugueses participam na missão de treino, promovida pela União Europeia (UE), até setembro deste ano.


Etiquetas: