Os impactes da variação das águas subterrâneas na vegetação dependerão não apenas dos fatores temporais e das condições locais, mas também da capacidade de resposta das plantas. Por exemplo, a diminuição da água de um lençol freático numa comunidade vegetal em equilíbrio, que usa esta água como fonte principal, pode não implicar efeitos negativos ao nível da comunidade, pela resposta dessas plantas. Esta resposta adaptativa pode passar pelo desenvolvimento das suas raízes em profundidade, para conseguirem chegar a outra fonte de água subterrânea disponível, ou pelo fecho dos poros (estomas) das suas folhas para reduzir a transpiração e, assim, ou escapar a um período de stress hídrico.
Estes ajustes ecofisiológicos – adaptação do consumo, de retenção da água e da regulação do crescimento – permitem que algumas espécies sustentem a eficiência do uso de recursos em condições de variação dos níveis de águas subterrâneas. Há, no entanto, espécies que não são capazes de fazer mudanças suficientes ou suficientemente rápidas. Por exemplo, se o ajuste das raízes é demasiado lento ou inexistente ou se os estomas se fecham durante demasiado tempo para manter o seu funcionamento fisiológico, aumenta a probabilidade de não sobreviverem.
As interações entre clima, uso humano, ciclo hidrológico e capacidade de resposta da vegetação definirão o desempenho e a composição da comunidade vegetal. No entanto, de forma semelhante às estratégias para enfrentar períodos de seca, existem custos e limites para os benefícios que proporcionam os processos de aclimatação às mudanças que se registam nas águas subterrâneas.
O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.