Rega gota-a-gota apontada como solução de futuro para a rotação de culturas

Os ensaios de produção de arroz com rega gota-a-gota, realizados na Agroglobal, em Santarém, indicaram que a tecnologia facilita a rotação com culturas como o milho e o tomate, melhorando o controlo de infestantes e reduzindo o uso de água.

De acordo com o comunicado de imprensa, o consórcio formado por Magos S.A., Rivulis, Lusosem, Suporte Agrícola Lda, ADP Fertilizantes e Hidrosoph considera os resultados preliminares promissores e vê nesta tecnologia uma solução de futuro para a cultura do arroz.

&nbsp

O arroz carolino da variedade Teti, distribuído em Portugal pela Lusosem, foi semeado num solo arenoso anteriormente inculto. Conhecido pela elevada vitrosidade e resistência a doenças como piriculária e fusariose, o ensaio utilizou 190 kg de semente.

“O facto de o solo ser arenoso, torna a eficiência da rega ainda mais importante. Utilizamos a fita de rega T-Tape de labirinto que apresenta grande capacidade de filtração”, explicou Nuno Sanches, Key Account Manager Rivulis.

&nbsp

A comunicação explica que, em concreto, foi utilizada a fita T-Tape de 16 mm, com débito de 3,8 l/h/m, e gotejador de 0,75 l/h, instalada com espaçamento de 75 cm entre linhas de rega.

Nuno Sanches elege a flexibilidade do sistema de rega gota-a-gota como uma grande vantagem, sublinhando que “não é necessário mudar a manga, o filtro, a bomba, nem a própria fita, uma vez que o mesmo sistema de rega serve para várias culturas”.

&nbsp

Já Gonçalo Canha, consultor da Suporte Agrícola Lda, considera que a rega gota-a-gota no arroz “é uma boa solução, principalmente quando os orizicultores têm cada vez mais dificuldade em controlar as infestantes”, e recordou que “quando fizemos o primeiro ensaio no Mondego quase que nos chamaram malucos, mas hoje os agricultores já veem esta técnica com bons olhos e, sobretudo, como uma alternativa para integrar numa rotação de culturas com o milho e o tomate”.

Para Joaquim Costa, técnico comercial da Magos S.A., este ensaio “vem demonstrar mais uma vez que é possível cultivar arroz fora dos canteiros tradicionais. Tivemos o especial cuidado de garantir que a rega era uniforme em toda a parcela para conseguirmos uma boa germinação e o correto desenvolvimento do arroz. E estou convencido de que vamos atingir uma produtividade semelhante ao cultivo convencional, ou seja, entre as 8 e as 9 t/ha”.

&nbsp

A Hidrosoph ficou responsável pela monitorização da água no solo, através de uma sonda de leitura da humidade instalada a 40 cm de profundidade e de um contador.

“No caso do arroz é fundamental ter uma humidade no solo contínua em saturação e daí ser necessário conhecermos a cada momento a humidade. Além disso, recorremos também a imagens aéreas para acompanhar o desenvolvimento vegetativo das plantas”, explicou Joana Fonseca, consultora agronómica na Hidrosoph.

Pilar de Carvalho, gestora de culturas da ADP Fertilizantes, deu a conhecer o plano de nutrição aplicado ao longo do ciclo do arroz, que combina a fertilização, a bioestimulação e a proteção biotecnológica.

O plano começou com uma fertilização na altura da sementeira: 300 kg/ha de Energetic Complete NC9 (20-8-10), seguido de uma biofertilização, aplicando-se 3 l/ha de NeoForce n FIXER (bactérias solubilizadoras de azoto).

Na fase do afilhamento ativo foram aplicados dois bioestimulantes: entre 2 a 6 l/ha de Neoforce Promoter Antiox, assim como 3 l/ha de Profertil. Já entre o final da fase de diferenciação floral e o início do emborrachamento foi aplicado o fertilizante 300 kg/ha de Nutrifluid Impulse Power.

Posteriormente, entre o final da floração e início do enchimento do grão, foi aplicado 3 a 5 l/ha do bioestimulante NEOFORCE BRiX Antiox. Durante o enchimento do grão recorreu-se à aplicação de 200 kgs/ha de Nutrifluid Impulse Progress 2 (4-4-12).

A novidade dos campos demonstrativos é o milho semeado em linhas pareadas
Os campos demonstrativos da Quinta da Alorna, em Almeirim, não se limitaram ao arroz. A Magos S.A. testou tecnologias de rega inovadoras em milho, tomate de indústria e batata-doce.

Segundo a nota de imprensa, no ensaio de milho, a inovação foi a sementeira em linhas pareadas, espaçadas 50 cm, com a fita de rega colocada ao centro e 1 metro entre cada conjunto de linhas.

A técnica permite uma densidade de sementeira 8 a 10 mil sementes/ha superior ao sistema tradicional, que ronda as 96 mil sementes/ha.

A sementeira em linhas pareadas promete maior eficiência na rega e fertilização, além de melhor exposição da área foliar ao sol, otimizando a fotossíntese e aumentando o potencial produtivo.

A fita de rega aplicada no campo de milho é a D1500 da marca israelita Rivulis, de 22 mm, espaçamento de 20 cm e gotejador de 1,2 l/h.

Fita de rega D1000 foi a eleita para o campo demonstrativo do tomate
No campo demonstrativo de tomate, a Magos S.A. instalou todo o sistema de rega gota-a-gota, desde os filtros até à fita. Foi utilizado o modelo D1000, com gotejador de pastilha e rasgo superior, permitindo enterrar a fita antes ou depois da plantação. O mesmo modelo foi também aplicado com tratamento repelente contra insetos sugadores.

No campo foi instalado o programador de rega Atlas, alimentado por energia solar e ligado à plataforma online Spherag, que permite controlar todo o sistema de rega de forma remota e em tempo real a partir de um único dispositivo. A Magos Irrigation Systems é representante exclusiva desta tecnologia em Portugal, desenvolvida pela start-up espanhola Spherag.

Graças a esta tecnologia o agricultor pode controlar a bomba de rega, ligar ou desligar as válvulas remotamente utilizando um smartphone, tablet ou pc, sem ter de se deslocar ao local”, explicou Joaquim Costa.

Batata-doce usa fita de rega concebida para proteger os gotejadores contra entupimentos
No campo demonstrativo de batata-doce, com 5 hectares, foram semeadas as variedades Bellevue e Beauregard, utilizando a fita de rega D900 de 22 mm, com gotejador de pastilha, espaçamento de 20 cm e débito de 1 L/h.

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


Publicado

em

,

por

Etiquetas: