Regadio do Alqueva – A zona mais próxima da Europa – Pedro Noronha de Alarcão

A beterraba sacarina é, já hoje, uma cultura com grande interesse económico para as explorações agrícolas situadas na zona que virá a ser abrangida pelo regadio do Alqueva.

É uma zona com solos bastantes adequados à produção de beterraba, cujas produções médias são as melhores do País.

No entanto, a distância média à fábrica (Coruche) é um factor a ter em consideração, por encarecer o custo do transporte. Este inconveniente é compensado pela elevada riqueza em açúcar que os produtores conseguem obter nesta zona.

Também a utilização de máquinas limpadoras, tal como já foi efectuado na campanha passada, poderá minimizar aquela desvantagem, porque permite reduzir significativamente os “descontos”, isto é, evitar o transporte de terra, pedras, folhas e outros materiais estranhos à própria beterraba.

No quadro que a seguir se apresenta, estão mencionadas as áreas e produções dos últimos três anos agrícolas, bem como o número de Produtores de beterraba. No corrente ano, 76 Produtores já semearam 1.349 ha em sementeira de Outono.

A PRODUÇÃO DE BETERRABA NA ZONA DO ALQUEVA
ANO AGRÍCOLA Número Agricultores Área (ha) Produção beterraba
tipo 16º
(ton/ha)
Riqueza em  açúcar
(ºS)
Produção sacarose (ton/ha) Oservações climáticas
1998/99 51 1.108 44,66 17,51 7,04 Seca
1999/00 38 881 54,56 17,59 8,49 Primavera chuvosa
2000/01 69 1.451 55,50 17,26 8,73 Inverno e Primavera Chuvosos
2001/02 (outono) 76 1.349 ? ? ? ?
Média do País 2000/01 50,13 16,67 7,95
Média do U.E. 2000/01 55,74 16,90 8,80

Como se poderá verificar neste quadro, a zona do Alqueva, além de obter produções acima da média nacional, é a zona mais próxima das produções médias da União Europeia.

Quanto à área de produção de beterraba tem-se observado um crescimento nos últimos anos. Esta tendência foi contrariada na campanha 1999/00, em virtude do ano anterior ter sido muito seco, ficando as reservas de água quase esgotadas, o que inviabilizou as sementeiras de beterraba numa área muito elevada. Também devido à  seca observada no ano agrícola de 1998/99, as produções foram fracas.

O regadio do Alqueva irá, de certo, resolver a questão da irregularidade das chuvas, e aumentar significativamente a área de beterraba.

Surge, no entanto, o problema das quotas.

Dado que este ano, provavelmente, deveremos atingir a Quota Nacional de 70.000 toneladas de açúcar, não haverá uma grande disponibilidade de quotas para os agricultores das novas áreas de regadio da zona do Alqueva.

Por este motivo, é urgente que Portugal continue a insistir, em Bruxelas, no aumento da sua Quota de açúcar.

Por último, de referir que as boas produções que se verificam na zona de regadio do Alqueva devem-se não só às condições edafo-climáticas locais, mas sobretudo à elevada capacidade técnica de um bom grupo de Produtores e dos técnicos da DAI que lhes garantem assistência.

Pedro Noronha de Alarcão
Eng.º Agrónomo
Secretário Geral da ANPROBE

A experimentação da beterraba na zona do Alqueva – Pedro Noronha de Alarcão


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