rePLANT: vem aí uma nova floresta

“Este projeto está muito focado no interesse das empresas do setor florestal, no reforço da sua capacidade de transformação industrial e também na salvaguarda da floresta.” É desta forma que Alexandra Marques, da Coordenação Executiva do ForestWise, resume o rePLANT, o primeiro grande projeto do laboratório colaborativo ForestWISE, com o propósito de promover atividades de investigação, inovação e transferência de conhecimento e de tecnologia, aumentar a gestão florestal sustentável, a competitividade do setor florestal português e reduzir o impacto dos incêndios rurais.

Programa inédito em Portugal, o rePLANT junta o melhor conhecimento técnico-científico com o mais importante tecido empresarial do setor florestal (as indústrias da pasta e papel, madeira e cortiça), num total de 20 entidades, com o objetivo de valorização e aproveitamento dos recursos florestais para tornar mais forte e mais competitivo um setor que detém um peso importante na economia nacional. “E, por esta via, tornar a gestão florestal mais sustentável e também mais rentável para os proprietários”, acrescenta Alexandra Marques.

Aposta em novos conceitos e novos produtos

O projeto rePLANT tem duração de três anos e um orçamento de 5,6 milhões de euros, apoiados pelo Compete 2020 e pelo Portugal 2020, para cobrir uma agenda transversal aos temas relacionados com a gestão da floresta e do fogo (área liderada pela Sonae Arauco e pelo Instituto Superior de Agronomia), a gestão do risco (sob coordenação da REN e da Universidade de Coimbra) e a componente da economia circular e cadeias de valor (com liderança da The Navigator Company e do ForestWISE).

A liderança e coordenação de todo o projeto é da Navigator, e José Luís Carvalho, na qualidade de coordenador, salienta ser “muito desafiante romper com as tradicionais quintinhas e conseguir construir com tanta boa gente novos conceitos e novos produtos que vão marcar os próximos anos na floresta”.

“A nossa agenda foi desenvolvida pela necessidade de investigação das empresas e pelas prioridades que estas queriam ver resolvidas. Depois, convidamos a academia a apresentar soluções e fomos ver quem poderiam ser os tomadores, as empresas tecnológicas que têm como principal missão assegurar que os resultados, sejam produtos ou serviços, chegam ao mercado”, reforça Alexandra Marques.

Um projeto com três linhas de atuação

O rePLANT abrange várias áreas da floresta e da cadeia de valor, destacando-se três linhas de atuação bem definidas:

• Produção florestal, ou seja, florestas mais produtivas e geridas de uma forma mais sustentável. Esta área integra a gestão florestal, o reforço da gestão na fileira do pinho e as tecnologias de deteção remota ou de medição da floresta com recurso a um smartphone, para conhecermos melhor a floresta que temos e queremos gerir;

• Gestão do risco, nomeadamente de incêndios, com a criação de paisagens mais resilientes. Mas também a incorporação de tecnologia de visão artificial e de simuladores para a gestão de infraestruturas críticas em áreas florestais. Isto é, maior capacidade de previsão e atuação face ao risco;

• Fortalecimento do tecido económico, atuando ao nível da cadeia de valor e logística. O objetivo é tornar as operações florestais mais sustentáveis e eficientes com equipamentos novos, com recurso a tecnologia inovadora e automação, e uso de IoT (Internet of Things) e sistemas de otimização, para diminuir custos associados à exploração florestal e tornar esta atividade mais rentável.

O caminho do rePLANT é feito com projetos-piloto, mas também com parcerias internacionais. “Há inovações tecnológicas que estamos a introduzir em Portugal que já são uma realidade noutros países há muito tempo. É preciso aprender com a experiência deles, para que o nosso processo de inovação atinja resultados em menos tempo”, sublinha Alexandra Marques, reconhecendo que algumas das nossas especificidades, como a estrutura da propriedade e a desmotivação pela gestão, criam dificuldades neste processo.

Saiba mais sobre o rePLANT em https://replant.pt/.


O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.


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