canábis

Reportagem. Em Odemira, semeia-se o futuro da canábis medicinal

Alentejo. A Clever Leaves produz flor seca de canábis, que representa metade das vendas de canábis medicinal no mundo. Ainda não há planos para lançar produtos em Portugal, onde escasseiam medicamentos à base desta planta

Do pequeno terraço onde somos convidados a subir para contemplar o infindável reino da empresa, uma propriedade com cerca de 85 hectares, em Odemira, à sala de segurança com ecrãs a forrar uma das paredes e ao interior de uma das estufas, há uma frase que vai sendo repetida. Citando de cor: esta é uma empresa farmacêutica e não do sector agrícola, e a planta que aqui é cultivada é um medicamento. Nuno Simões, diretor-geral da Clever Leaves em Portugal, uma das maiores empresas colombianas de produção de canábis para fins medicinais, justifica a insistência: “As pessoas têm uma determinada ideia sobre a canábis com base no consumo com fins recreativos, mas é importante perceber que estamos perante algo muito diferente. A evolução deste mercado vai depender muito da maneira como se conseguir vencer esse preconceito, desde logo junto da classe médica, para que ela se sinta mais à vontade para prescrever medicamentos à base de canabinoides.”

A empresa instalou-se numa herdade na freguesia de São Teotónio, no concelho de Odemira, em 2019. Dispõe de três estufas numa área de cultivo de 10 mil metros quadrados. É por se tratar de um medicamento e não de um produto agrícola que as instalações da empresa, que passam despercebidas a quem segue com atenção à estrada, estão cercadas por uma rede com uma moldura de arame farpado. O aparato de segurança é, ainda assim, pouco espalhafatoso, e só as câmaras de vigilância, a cujas imagens acedemos na sala de segurança, primeiro ponto de paragem da visita às instalações da empresa, mostram que não há ângulos mortos — até o laboratório que a empresa tem em Lisboa e a unidade de pós-colheita que foi instalada este ano em Setúbal e irá abrir no próximo ano são vigiadas a partir daqui. Além das câmaras, também há radares e outros dispositivos que estão “mais escondidos” e uma equipa de seguranças privados que, por enquanto, não tem feito mais do que rondar e indagar “alguns curiosos”. “É como se estivéssemos a produzir fentanil ou outro opiáceo. Cumprimos as mesmas leis”, diz Nuno Simões. […]

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