João Miguel Tavares

Resolver a questão dos fogos? É a economia, estúpido! – João Miguel Tavares

Se não houver forma de tirar dinheiro de um pinhal, ele está condenado a ser pasto para as chamas.

A minha mulher cresceu perto de Proença-a-Nova, e no Verão nós vamos sempre passar uns dias em família ao Pinhal Interior. Adoro passear pelo meio da floresta, e como saberá qualquer pessoa que se dedique a semelhante exercício, não é muito diferente de circular pelo meio de um paiol. Uma chama, e bum – temos cobertura televisiva garantida por cinco dias. O facto de aquelas florestas arderem não é um azar. Pelo contrário: o facto de elas não arderem durante, digamos, dez anos, é que é muita sorte.

Qualquer pessoa que viva no interior do país aprendeu há muito que o ciclo do fogo tem uma pontualidade admirável, e é bastante simples de seguir: após um grande incêndio, espera-se sete ou oito anos, e arde tudo outra vez. Claro que todos somos peritos em encontrar culpados que explicam as razões destas tragédias à velocidade de um fósforo: os incendiários, os pinheiros, os eucaliptos, os lóbis da madeira, os vendedores de Canadairs, os proprietários que não limpam as terras, os autarcas incompetentes, os bombeiros amadores, o diabo a quatro. O melhor que se consegue em matéria de pensamento original é mesmo ir alternando entre um culpado e […]

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