Cientistas de três universidades (Chicago, Pequim e Guizhou) afirmam que a manipulação do RNA pode permitir o aumento de 50% da produção de plantas como a do arroz e da batata e aumentar a sua tolerância à seca.
Nos testes de campo iniciais, os investigadores adicionaram em plantas de arroz e de batata um gene que codifica para uma proteína chamada FTO e tiveram como resultado um aumento de 50% da produção. As plantas cresceram significativamente, produziram sistemas radiculares mais longos e toleraram melhor o stress hídrico. A análise também mostrou que a fotossíntese aumentou.
Trata-se de “uma modificação muito simples de fazer e funcionou com quase todos os tipos de planta que experimentamos até agora”, disse Chuan He, da Universidade de Chicago, que com Guifang Jia, da Universidade de Pequim, liderou o estudo.
Os investigadores estão esperançosos sobre o potencial desta descoberta, que pode ser um importante contributo para fazer face às alterações climáticas e a outras pressões sobre os sistemas de produção agrícola em todo o mundo.
“Estes resultados dão-nos a possibilidade de usar plantas geneticamente modificadas para melhorar o ecossistema à medida que o aquecimento global avança”, enfatizou o Professor de Química, Bioquímica e Biologia Molecular Chuan He.
Michael Kremer, que recebeu o Prémio Nobel pelo seu trabalho contra a pobreza e é Professor Universitário de Economia e da Escola Harris de Políticas Públicas da Universidade de Chicago acrescentou: “Além de poder ser útil na resposta às alterações climáticas, esta tecnologia pode ajudar a resolver problemas de pobreza e de insegurança alimentar à escala global.
As alterações climáticas afetarão muito mais do que a produção de alimentos, mas o investigador Chuan He salientou que a utilização da tecnologia pode ajudar a contornar algumas das consequências esperadas. Exemplificou: “Talvez pudéssemos cultivar gramíneas resistentes à seca em áreas ameaçadas. Talvez pudéssemos ensinar uma árvore no Midwest a criar raízes mais longas, para que seja menos provável que caia durante fortes tempestades. Existem tantas aplicações potenciais [da tecnologia]. ”
O processo descrito no estudo envolve o uso de um gene FTO animal numa planta. Mas os cientistas acreditam que quando perceberem totalmente o mecanismo de crescimento das plantas, descobrirão outras maneiras alternativas de obter o mesmo efeito.
Leia o estudo aqui e o texto original aqui.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.