O robô que vai tratar das vinhas nas encostas do douro

[Fonte: Diário de Notícias]

Para já, o Romovi será uma máquina desenvolvida no INESC-TEC para monitorização da vinha, de forma autónoma, pelos socalcos durienses

Para já, o robô ainda só anda pelo meio das oliveiras plantadas na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. O desafio é colocá-lo nas encostas do Douro, a monitorizar a vinha, sem cair e sem causar danos. Entre o Porto e Vila Real, uma equipa de investigação do INESC–TEC desenvolve projetos de robótica para a agricultura de precisão com o Agrob16. De forma simples, pretendem criar robôs agrícolas que possam fazer monitorização, pulverização, poda e colheita em terrenos acidentados como as encostas das vinhas, de forma completamente autónoma, mesmo sem navegação por GPS.

A equipa coordenada por Filipe Santos tem agora no Romovi o seu principal trabalho, a que “dedica mais tempo e tem parceiro empresarial”. Os investigadores do INESC–TEC procuram desenvolver o robô em parceria com a empresa Tekever e a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense. “O Agrob é a nossa linha de investigação interna, a base, onde desenvolvemos as tecnologias que alimentam outros projetos, como este Romovi e outros”, explicou ao DN Filipe Santos que desde 2014, ano de arranque do Agrob, coordena o projeto.

O objetivo é ter máquinas com “valores pequenos de peso, abaixo de uma tonelada, modulares e que sejam autónomas”. Que consigam andar nas encostas, sem cair, e sem causar perigo para as pessoas.

“Já conseguimos pôr este robô a navegar”, diz Filipe Santos. Mas o mais importante é desenvolver os algoritmos para a navegação segura. “De forma a que ele consiga planear as trajetórias. E também, como tem um peso superior a 200 quilos, que o faça em segurança para as pessoas.” Assim, os desafios são a navegação, a perceção do ambiente, o controlo e a própria segurança. “Há trabalho feito, já temos os sensores de monitorização, mas lidamos agora com o desenvolvimento do processamento de imagem e do planeamento de trajetórias, entre outros. Queremos que o robô vá mapear o stress hídrico, por exemplo, mesmo se o GPS não funcionar”, explica Filipe Santos.

O que esta máquina do Romovi poderá fazer? “A monitorização, a poda e a colheita. No caso da pulverização, já estamos a falar de coisas de maior porte, será o Agrob17.”

“No Douro, e em grande parte das vinhas em Portugal, desperdiça-se 90% daquilo que é pulverizado na vinha, isto cria problemas ambientais e com a tecnologia robótica conseguiremos pulverizar de forma precisa e levar o desperdício para patamares de 5% a 10%.”

Para a poda, o objetivo é suprimir lacunas. “É uma mão-de-obra muito esporádica, nem sempre disponível e é custoso para os produtores. Mas aqui falamos num patamar mais a médio e longo prazo”, esclarece o investigador.

O grande foco do trabalho é levar para o terreno a monitorização. Os testes do Romovi irão acontecer numa equipa da Sogrape, “já numa ligação à produção, em terreno típico do Douro”.

Neste campo da monitorização, existem quatro projetos Agrob. Além do Romovi, há o water4ever, que visa “diagnosticar o stress hídrico e regular a rega de acordo com o stress da planta”. O Smartfarming “é um sistema de apoio à decisão, em que o agricultor não vai olhar para um conjunto de dados e imagens bonitas mas vai ter um conjunto de diagnósticos e de ações que ele pode tomar. Tem parte do controlo, desenvolvido por nós com colegas do Centro de Inteligência Artificial”.

O Agrisensus é ” para deteção de quantidade de macronutrientes que temos na área agrícola. Estamos a desenvolver sensores e controladores que podem atuar em tempo real, ou seja, no próprio ciclo da água.

Chegar ao mercado

O Romovi só estará disponível comercialmente depois de 2020. Será um robô para monitorização mas “também para fins de logística, transporte de carga, de uva por exemplo”. Tem financiamento do Portugal 2020 e vai até 2019, englobando valores totais à volta de 1,2 milhões de euros.

Filipe Santos aponta que “a ambição é pôr a máquina a funcionar no próximo ano”. Contudo, avisa, “não é expectável que no final do projeto de investigação tenhamos um produto comercial. Era desejável mas isso depois compete à Tekever, a tomadora do produto. Depende do mercado, dos custos de produção”.

Para ter sucesso no mercado, os investigadores procuram “ter sensores de baixo custo”, que ainda são caros. Por isso, se a primeira versão do Agrob14 poderia custar oito mil euros, o preço desta inovação será mais alto. “Nunca será para uma pequena exploração. Hoje já não se fala em cada agricultor ter o seu trator mas mais numa lógica de prestação de serviços. A ideia é que não será um agricultor a ter mas uma associação ou cooperativa.”

E não será para Portugal apenas. “Há vinhas de encosta em mais de 15 países europeus, como Espanha, França, Suíça (onde agora fazem de helicóptero), Itália, Alemanha. O Romovi pode ter aplicação em todas as culturas permanentes. “Se for à encosta vai a todo o lado.”

Com origem na UTAD até produto da Tekever

AUniversidade de Trás-os-Montes (UTAD) esteve muito na génese destas novas tecnologias para a agricultura. O Inesc-Tec tem lá um polo de investigação, como na Universidade do Minho, e sendo a instituição de ensino superior mais virada para a investigação no campo agrícola foi ali que começou a ideia de agricultura de precisão, agora a ser desenvolvida pela equipa do Agrob. “A área da agricultura, a maioria dos colegas estão na UTAD, como é o caso do André e do Jorge que trabalham comigo e vieram da UTAD”, diz Filipe Santos. A partir de setembro “vamos ter mais duas pessoas”, o que irá permitir acelerar o projeto. Os produtores estão representados pela ADVID, “o que é muito importante”, já que “ajuda a ter uma ligação mais efetiva. Já a Tekever é a parte comercial do produto. “Com a Tekever reunimos regularmente. Aliás, temos muitos outros projetos a nível do Inesc. Traz muita experiência. No RoMoVi, a Tekever pode usar muito da sua experiência aeroespacial , do género daqueles rovers que se vê em Marte, e colocá-la no robô, já que a parte de plataforma não é desenvolvida por nós.”

Da fábrica de alimentos à colheita de biomassa

AUniversidade de Trás-os-Montes (UTAD) esteve muito na génese destas novas tecnologias para a agricultura. O Inesc-Tec tem lá um polo de investigação, como na Universidade do Minho, e sendo a instituição de ensino superior mais virada para a investigação no campo agrícola foi ali que começou a ideia de agricultura de precisão, agora a ser desenvolvida pela equipa do Agrob. “A área da agricultura, a maioria dos colegas estão na UTAD, como é o caso do André e do Jorge que trabalham comigo e vieram da UTAD”, diz Filipe Santos. A partir de setembro “vamos ter mais duas pessoas”, o que irá permitir acelerar o projeto. Os produtores estão representados pela ADVID, “o que é muito importante”, já que “ajuda a ter uma ligação mais efetiva. Já a Tekever é a parte comercial do produto. “Com a Tekever reunimos regularmente. Aliás, temos muitos outros projetos a nível do Inesc. Traz muita experiência. No RoMoVi, a Tekever pode usar muito da sua experiência aeroespacial , do género daqueles rovers que se vê em Marte, e colocá-la no robô, já que a parte de plataforma não é desenvolvida por nós.”


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