Saber olhar, saber planear: a paisagem na prevenção dos incêndios rurais – Selma Pena

O projeto SCAPEFIRE (PCIF/MOS/0046/2017), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, surgiu na sequência dos grandes incêndios de 2017 e juntou um conjunto de especialistas de diferentes universidades e institutos que refletiram sobre o futuro de territórios mais vulneráveis aos incêndios rurais. Este projeto foi coordenado por investigadores da Unidade de Investigação Linking Landscape, Environment, Agriculture and Food (LEAF) do Instituto Superior de Agronomia e teve como objetivo propor um modelo de ordenamento da paisagem rural que contribuísse para a prevenção dos incêndios rurais, atendendo à sustentabilidade ecológica, económica e social da paisagem.

De facto, o que é essencial é entender que o problema dos incêndios rurais não pode ser resolvido sem atender à preservação dos recursos naturais (água, solo, biodiversidade). O modelo de ordenamento do território desenvolvido ao longo do projeto permite espacializar a estrutura da paisagem resiliente ao fogo, em acordo com o funcionamento ecológico de qualquer bacia hidrográfica, sobre a qual deve ser apoiada a transformação para usos menos combustíveis e adequados às suas características ecológicas. Esta estrutura é constituída, por exemplo, por linhas de água a conservar ou recuperar com galeria ripícola, fundos de vale com áreas agrícolas ou mata ribeirinha, cabeceiras das linhas de água (áreas contínuas ao longo dos cabeços) a transformar em mata mista, faixas em redor dos aglomerados rurais e vias, entre outras.

Se é verdade que paisagens de relevo vigoroso, pouco povoadas e cobertas por vastas áreas de espécies arbóreas altamente inflamáveis (como o pinheiro-bravo e eucalipto), são sujeitas a ofertas de arrendamento dos terrenos para plantação de eucalipto e trazem algum rendimento, a […]

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