O programa Copernicus, da União Europeia (UE), faculta aplicações para a adaptação da agricultura ao clima, sublinhou o diretor do serviço de mudanças climáticas do programa, Carlo Buontempo, defendendo que “precisamos de informação não para um grupo de académicos, mas que permita um serviço sistemático”.
“Só podemos tomar ações significativas sobre o que sabemos, medimos e entendemos”, afirmou Carlo Buontempo, citado em entrevista pela agência EFE. O serviço de mudanças climáticas é um dos seis que integram este programa Copernicus, de observação da Terra, o qual disponibiliza informação de satélites e outras fontes para previsões meteorológicas.
Para além desta utilização, o serviço também processa os dados sobre temperatura, humidade, vento, superfície terrestre ou estado do oceano, gelo e atmosfera, em qualquer ponto do planeta, para oferecer uma janela sobre o estado atual da vegetação ou dos recursos hídricos. Para Carlo Buontempo, todas essas informações agregam valor para a agricultura, que pode assim beneficiar do programa para oferecer dados consistentes e de qualidade ao longo do tempo.
Este diretor do Copernicus apelou que as ondas de calor, seca e incêndios florestais que marcaram o verão em muitos países da Europa sejam enquadrados no contexto das alterações climáticas. E defendeu a necessidade de compreender se existe o risco de repetição no próximo ano ou década.
Verão mais quente da história em 2022
As análises europeias a partir dos dados do Copernicus revelam que a temperatura de agosto foi 0,8°C superior à de 2018 e que o verão foi 0,4°C mais quente que em junho a agosto de 2021. Globalmente, este foi o terceiro agosto mais quente já registado a cerca de 0,1°C dos totais mais altos alcançados em agosto de 2016 e 2019.
Agosto de 2022 foi também mais seco do que a média em grande parte do oeste e zonas da Europa Oriental. Por outro lado, foi mais húmido do que a média na maior parte da Escandinávia e em partes do sul e sudeste da Europa.
No mesmo mês, fora da Europa, em muitas regiões extratropicais da América do Norte e da Ásia, registaram-se fortes precipitações que provocaram enchentes e inundações. A extensão do gelo marinho da Antártida atingiu o segundo valor mais baixo de agosto registado pelos satélites nos últimos 44 anos, 4% abaixo da média. Já a extensão de gelo marinho do Ártico ficou 5% abaixo da média, ocupando o 12º lugar mais baixo para agosto no mesmo período de registos.
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.