Os agricultores de Portalegre classificaram hoje como uma “agradável surpresa” as chuvas que caíram nos últimos dias, em tempos de seca, mas disseram temer que o tempo quente regresse e agrave os problemas do setor.
Contactada pela agência Lusa, a presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre, Fermelinda Carvalho, considerou que as chuvas que caíram na região nos últimos três dias foram uma “surpresa” e que as mesmas são “muito bem-vindas” num ano de seca.
“Foi uma agradável surpresa a quantidade de água que caiu nestes últimos três dias, numa altura em que vivemos uma das maiores secas de que todos nós nos lembramos. Estas chuvas são mesmo muito bem-vindas”, disse.
De acordo com a presidente da AADP, há registo de pequenas charcas, em determinadas zonas daquela região, que já ficaram cheias, mas alertou que, na maioria, as linhas de água “ainda não estão a correr”.
“As barragens, por norma, só enchem quando começa a sobrar nos solos, quando os ribeiros começam a correr e ainda não estamos nesse ponto. Esta água que cai é toda absorvida pelo solo que estava em grande défice”, acrescentou.
No entanto, a dirigente considerou que estas primeiras chuvas são “uma boa ajuda”, dando como exemplo a produção de azeitona, fruto que estava “muito necessitado” de água para melhorar a sua qualidade.
“Eu acho que [a chuva] ainda vai ajudar muito a produção que este ano é fraca, em alguns olivais até se perdeu totalmente devido ao calor e à falta de água”, disse.
Fermelinda Carvalho indicou ainda que estas primeiras águas trazem para o setor a “expectativa” de desenvolvimento de algumas pastagens e sementeiras, mas tal depende da evolução do tempo quente, que poderá ainda regressar.
“Há a expectativa que esta chuva permita o desenvolvimento de algumas pastagens. Depende muito do calor que vier a seguir e se continua ou não a chover e também em relação à preparação dos solos para as próximas sementeiras”, observou.
Em termos das vindimas, que estão a decorrer, e numa primeira análise, Fermelinda Carvalho considerou que a chuva “não vem alterar” a qualidade das uvas, mas, caso o tempo quente regresse, pode vir a prejudicar algumas variedades.
“É uma cultura que já está numa fase muito final, a chuva não vem alterar a qualidade da uva, porque ela já está em condições de ser colhida e outras até já foram”.