Desde 2017 que os especialistas alertam para o perigo de repetição de calamidades como as de junho e outubro daquele ano, na região centro. É lá que está a preocupação maior da Proteção Civil, estes dias, por causa da seca. O governo acionou o Plano de Contingência, o IPMA ativou o aviso vermelho para a maioria do país, onde os termómetros vão passar dos 40.º.
A partir desta terça-feira o país entra em Alerta Vermelho. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) decidiu ativar o aviso – o mais elevado da escala – para vários distritos, a maioria no interior, em função da onda de calor esperada para os próximos dias, que deverá prolongar-se pelo menos até ao fim de semana. A decisão, tomada ao final do dia de ontem, apenas acompanhou todas aquelas que o governo já tomara durante o fim de semana – a declaração do Estado de Contingência -, com tom de preocupação. E antes mesmo de ser anunciada a ativação do Plano de Contingência, o Presidente da República deu o mote: são os fogos que preocupam tudo e todos, especialmente a Região Centro, onde durante o fim de semana já deflagraram alguns, com destaque para os concelhos de Ourém e Ansião.
António Bento Gonçalves anda há vários anos a alertar para a frequência cada vez maior com que situações destas vão acontecer. “Isto não me surpreende a mim, nem a quem estude minimamente estas situações”, afirma ao DN o diretor do Departamento de Geografia da Universidade do Minho, que integra um curso de Proteção Civil e Gestão do Território. “Com esta desregulação climática, estamos a assistir a estes eventos extremos cada vez mais frequentes e com uma intensidade e capacidade destrutiva muito superior. Por isso, quando se conjugam fatores como os que estamos a assistir – temperaturas superiores acima dos 35º, humidades relativas baixas, em que o país vive uma seca hidrológica já há algumas semanas (e nalguns casos seca agrícola) -, não pode haver surpresas”, considera o investigador.
Bento Gonçalves junta ainda um outro fator a esta “tempestade perfeita”, que “não surpreende, mas entristece”: “Como temos também esta grande lacuna em termos de cultura de segurança e de autoproteção, qualquer falha pode, infelizmente, dar situações como aquelas a que já estamos a assistir há três dias na Região Centro.”
Apesar de residir no […]