O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) lamentou hoje que, no final do ano, o setor ainda não tenha recebido “um euro” das medidas da seca que a ministra da Agricultura “anuncia quase todas as semanas”.
Ao intervir num congresso em Cáceres, na Estremadura espanhola, Eduardo Oliveira e Sousa disse que, “neste momento, em dezembro”, os agricultores ainda não receberam “um euro relativamente às medidas da seca que a governante portuguesa anuncia quase todas as semanas”.
Em declarações à agência Lusa, à margem do III Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva e Desenvolvimento Rural, que terminou hoje, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) insistiu que os ‘homens da terra’ receberam “zero” ajudas no âmbito da seca.
“Nem se sabe quando é que vão chegar. Estão prometidas, estão cabimentadas, mas estão trucidadas pela parte burocrática e, na minha perspetiva, por falta de peso político de quem devia já ter imposto uma data para que as ajudas tivessem sido pagas”, criticou.
Para o representante dos agricultores, essa pessoa ”é a ministra da Agricultura”, Maria do Céu Antunes, e, tal como em Espanha, “onde foram pagas já”, as ajudas “já deviam ter sido pagas” em Portugal.
“Para evitar a falência de centenas de agricultores que deixaram de produzir animais, deixaram as suas terras muito provavelmente a serem abandonadas num futuro muito breve por ausência de terem sido ajudados na altura em que estavam com a corda na garganta”, completou.
Tal como aconteceu nas últimas semanas, em que muitas organizações agrícolas criticaram a ministra da Agricultura devido à transferência de competências do setor para as comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR), o presidente da CAP insistiu hoje no assunto.
Apesar de a ministra Maria do Céu Antunes já ter assegurado que as direções regionais de agricultura não vão ser extintas, para Eduardo Oliveira e Sousa trata-se do “desmantelamento” do ministério, o que “não é aceitável”.
“Quanto mais ela [a ministra] tenta explicar o inexplicável, mais apreensivos ficamos em relação à intenção que está por detrás daquela decisão”, afirmou.
Na intervenção no congresso, o dirigente associativo defendeu ainda mais apoios europeus para a pecuária extensiva, que, ao contrário de “ideias radicais”, contribui para a sustentabilidade ambiental e do território, visto que está assente num ecossistema diverso e rico como o do montado (ou dehesa em Espanha).
O congresso em Cáceres, de caráter bienal, começou na quinta-feira e foi coorganizado pela ACOS – Associação de Agricultores do Sul, União dos Agrupamentos de Defesa Sanitária do Alentejo, Cooperativas Agroalimentares de Espanha e a Federação dos Agrupamentos de Defesa Sanitária Ganadeira (FADSG).