Os vereadores do PS na Câmara de Alcobaça alertaram hoje para a urgência na implementação de 10 medidas de choque para poupar água naquele concelho do distrito de Leiria, já aprovadas, mas que o executivo social-democrata ainda não executou.
Em causa está um pacote de 10 medidas choque propostas pelos vereadores socialistas em sessão de câmara e que, segundo Carlos Guerra, “o executivo aprovou que fossem entendidas como um projeto municipal para ser implementado”.
Contudo, segundo o vereador socialista, “estas medidas ainda não avançaram e ficam sem resposta por parte do presidente [Hermínio Rodrigues (PSD)], alegando que a Câmara está a trabalhar no assunto, protelando-se ações que são essenciais para que não venha a faltar água no concelho”.
Defendendo que a poupança de água deve “ser feita ao longo de todo o ano e não apenas em períodos específicos”, os socialistas António José Henriques, Carlos Guerra e Liliana Vitorino propuseram que o município desenvolva campanhas de sensibilização envolvendo os órgãos de comunicação social, as juntas de freguesia, as associações e outras instituições do concelho, bem como a instalação de ‘outdoors’ e de ‘mupis’ em vários locais do concelho, “com imagens sugestivas e agressivas, apelando à população para a necessidade de se poupar água”.
A proposta passa ainda pela entrega de folhetos junto com a faturação mensal da água e ‘banners’ em todos os endereços de email da Câmara e Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS).
Os socialistas defenderam também “medidas preventivas” como a avaliação “contínua e rigorosa, das redes de distribuição de água”, em simultâneo com a promoção de uma campanha de informação aos munícipes, “incentivando-os a comunicarem eventuais locais onde se registem perdas ou utilizações ineficientes deste bem de primeira necessidade”.
Defenderam ainda que seja feito um inventário das fontes alternativas de água nas freguesias, dotando-as de sistemas de captação e bombagem e a programação da rega no período noturno.
“É importante implementar a disciplina do exemplo”, afirmou Carlos Guerra, vincando que a câmara e as juntas de freguesia devem apostar na adoção de boas práticas de rega, “consubstanciada na programação da rega para o período noturno, a instalação de sistemas de rega inteligentes (estação meteorológica e sensores de humidade) e substituição de rega de aspersão pelo modelo de gota-a-gota”.
Os vereadores querem que sejam reduzidas ao mínimo ”todas as regas dos espaços verdes e campos de futebol” e defendem incentivos à recolha de água da chuva “para que possa ser reaproveitada para a rega de jardins ou de outros fins”, devendo a utilização da água da rede no espaços públicos “ser interdita para fins não potáveis” e o funcionamento das fontes ornamentais ser reduzida ou anulada.
Com a implementação de todas estas medidas, “a autarquia pouparia milhares de euros que poderiam ajudar a baixar a fatura da água taxada aos munícipes, num concelho em que o preço por metro cúbico é superior ao de outros municípios da Comunidade Intermunicipal do Oeste”, consideram os vereadores do PS.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da autarquia, Hermínio Rodrigues, reconheceu haver “muito trabalho a fazer para combater esta realidade [da falta de água]”, embora o concelho de Alcobaça não tenha, até agora, registado “problemas de maior a este nível”.
Admitindo que “todos os contributos são importantes para mitigar o problema da escassez de água”, o autarca reafirmou a intenção já comunicada aos vereadores de “desenvolver uma campanha de ‘marketing’ para sensibilização das populações locais” e adiantou que a câmara se encontra “em processo de instalação de um vasto conjunto de dispositivos inteligentes (zonas de medição e controlo) que vão ajudar na gestão do desperdício de água”.
A Câmara de Alcobaça é liderada pelo PSD, com o presidente e três vereadores no executivo, que integra também três vereadores socialistas, mas sem pelouros.