cervejeiros de portugal

Sector Cervejeiro é mais produtivo, mais qualificado e melhor remunerado do que a média nacional

Estudo inédito levado a cabo pela Universidade Nova SBE avalia os Impactos Macroeconómicos do setor Cervejeiro e o contributo direto e indireto de toda a fileira. Cerca de 1,5% do PIB (2.602 milhões de euros) têm origem no sector cervejeiro, que emprega, direta e indiretamente, mais de 50 mil pessoas. Por cada 1 euro investido nos cervejeiros portugueses a economia nacional é beneficiada em 2,48€. Existem em Portugal 100 cervejeiras, dispersas por 74 localidades de 22 concelhos.

Na última década, 2019 representa o marco histórico da indústria da cerveja em Portugal, pois foi o ano com o maior volume de produção desde 2014, atingindo os 710 milhões de litros, e o maior volume de consumo doméstico desde 2010, registando o pico de 550 milhões de litros de cerveja. Responsável por 51.739 empregos diretos e indiretos –  1,69% dos empregos gerados e/ ou mantidos em Portugal, quase o dobro de empregos nas indústrias às quais compra face aos que gera no próprio setor -, facto é que, no ano que precedeu a atual pandemia, o setor revelou-se altamente produtivo, atribuindo cerca de 2.602 Milhões de Euros em valor acrescentado para a economia portuguesa, 1,53% do PIB nacional.

Em termos de rendimento de trabalho, a fileira da cerveja impactou a economia com 821 milhões de euros, representando 1,22% do rendimento total nacional. Cada colaborador do setor contribuiu, nesse ano, com cerca de 112.633 €, 1,5 vezes mais do contributo médio de um trabalhador do Setor das Bebidas e 2 vezes mais do valor estimado para um trabalhador na Economia Portuguesa, levando à conclusão que se Portugal fosse tão produtivo quanto o sector cervejeiro, teríamos o nível de desenvolvimento dos EUA.

Atualmente composto por cerca de 100 empresas produtoras – das quais 96 são microcervejeiras – sediadas em 74 localidades, ao longo de 22 concelhos de Portugal, os cervejeiros nacionais são responsáveis, no que respeita ao setor das bebidas, por cerca de 18% da produção total e por 30,5% do valor acrescentado no país. Mas a maior fatia percentual incide no rendimento do trabalho pois, se o setor das bebidas em Portugal gera um rendimento na ordem dos 232 milhões de Euros, 39,7% respeita à fileira da cerveja, também responsável por 20,1% dos empregos totais gerados no setor das bebidas.

A nível das exportações, o Setor Cervejeiro tem uma participação menor no Setor das Bebidas do que noutras variáveis, com um peso de 9,9%. No entanto, importa notar que o peso das importações de insumos é ainda menor que o das exportações, ficando em 9,1%, o que reflete a forte ligação da indústria cervejeira à economia nacional através de compras de insumos e bens intermédios. O setor apresenta, por isso, elevados fluxos para outros setores nacionais, e poucos fluxos de pagamentos para fora do país.

Remuneração, qualificação e estabilidade do emprego acima da média

Em matéria de caracterização de emprego, o setor cervejeiro apresenta valores acima da média em termos de qualificação e remuneração nos seus 2.615 empregos diretos. Mais de metade (53,9%) recebem um salário bruto anual entre  10.000€  e 20.000€, um valor superior ao do Setor das Bebidas (36,6%) e da Economia Portuguesa (25,5%).

O sector cervejeiro é mais qualificado do que a média nacional e 26,33% dos trabalhadores com Licenciatura, 58,2% com Mestrados e 33,3% dos Doutorados de todo o setor das bebidas trabalham nos cervejeiros em Portugal. Para além destes dados, o setor assegura uma maior segurança e estabilidade no trabalho, contando com uma maior percentagem de contratos sem termo (78%) comparativamente ao setor das bebidas (77%) e ao resto da economia (64%).

O efeito multiplicador: O sector cervejeiro é mais produtivo do que a média nacional e do que o sector das bebidas

Durante este estudo, foi calculado o índice de Rasmussen-Hirschman, que tem por objetivo  identificar setores que, ao serem estimulados, impactam outros setores da economia a partir das suas relações de compra e venda. Quando acima da escala de 1, o índice indica que o setor em análise é chave para o crescimento da economia, tendo sido atribuído ao setor cervejeiro o índice de 1,075 que indica os seus efeitos multiplicadores justificativos da sua manutenção e expansão enquanto setor, mantendo-se imprescindível para o crescimento económico português.

Na análise liderada pela Nova SBE, conclui-se ainda que 1€ gasto no Setor Cervejeiro gera entre €1,72 –  €2,48 de produção total na economia portuguesa e 1€ ganho de rendimento do trabalho do setor, origina entre €1,78-€2,24 de rendimento de trabalho. Já 1€ de valor acrescentado no Setor Cervejeiro cria entre €1,59 – €2,46 de valor acrescentado na Economia, levando a concluir que a fileira da cerveja é mais produtiva do que a média nacional e do que o sector das bebidas.

O que é facto é que o sector cervejeiro integra uma cadeia de valor que vai da produção de matérias primas à venda do produto. O valor acrescentado em toda a cadeia da atividade cervejeira impacta inúmeros setores, nomeadamente os Serviços de Transporte terrestre e por condutas (18,9M€), serviços administrativos e de apoio prestados às empresas (15,4M€), Serviços de publicidade e estudos de mercado (14,7M€), entre outros.

Um enquadramento fiscal penalizador

A nível fiscal, o setor cervejeiro é dos mais penalizados. Sendo um setor que contribui de forma positiva para a economia nacional, por outro lado, está sujeito ao pagamento do IEC, ao contrário do setor vinícola, e com uma taxa de IVA de 23%, ao contrário dos 13% do setor vinícola. Com base nas estimativas de elasticidade preço da procura da cerveja da literatura, que vão dos -0,2 aos -0,4, conclui-se que a perda de bem-estar para a sociedade devido ao IEC pode chegar até aos 880 mil euros por ano. Por sua vez, o valor adicional de IVA de 10 pontos percentuais, quando comparado ao setor do vinho, gera uma perda para a sociedade portuguesa até aos 5,964 milhões de euros. Assim, e de acordo com os dados aferidos, o estudo conclui que não existe um racional de eficiência fiscal para que a cerveja tenha um tratamento fiscal agravado relativamente ao setor vinícola.

O Papel Social da Cerveja: o investimento na cultura, educação, desporto e na sustentabilidade da cadeia de valor

O valor criado pelo Setor Cervejeiro nacional vai muito além do valor criado pelas suas atividades primárias: a produção de cerveja. Na cultura, na educação e no desporto, o setor tem-se destacado pela positiva. Patrocínios, bolsas de apoio e patronagem representaram cerca de 26,6 milhões de euros em 2019. Apesar da crise pandémica da Covid-19, esta contribuição não parou, continuando a ser desenvolvidas várias iniciativas que representaram cerca de 24,5 milhões de euros em 2020. Destas iniciativas podem destacar-se o apoio aos setores afetados, como o da restauração, e o apoio a profissionais da linha da frente, no que toca ao combate à pandemia.

Outro ponto a destacar no setor é o foco na sustentabilidade e inovação. Entre mais de 15 diligências em torno destes dois eixos das cervejeiras nacionais, destaca-se a descarbonização da produção, a redução de emissões de CO2 ao longo de toda a cadeia de valor, a aposta de energias renováveis e a inovação permanente em embalagens mais sustentáveis. Neste plano de sustentabilidade, incluem-se, não só, as melhores práticas ambientais, como sociais, onde constam iniciativas de responsabilidade social, de igualdade de género e prevenção, quer dos colaboradores, quer no que respeita ao consumo de bebidas alcoólicas, tendo o setor vindo a apostar também no segmento de baixo ou inexistente teor de álcool.

O efeito da pandemia em 2020

Comparativamente a 2019, o setor apresentou uma queda de 7,2% no valor de volume de cerveja produzida relativamente ao período homólogo. Esta queda teve como principal responsável a crise pandémica provocada pela COVID-19 e as medidas de controlo da pandemia, como o fecho de todos os estabelecimentos do canal HoReCa. O consumo interno de cerveja, em Portugal, registou também uma queda em 2020, em cerca de 14,4%.

A cerveja é a 5ª bebida mais consumida no mundo a seguir ao chá, água engarrafada, leite e refrigerantes gaseificados, sendo a mais consumida entre as bebidas alcoólicas e também uma das mais antigas.


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