No dia 23 de Novembro, teve lugar na Escola Superior Agrária de Santarém, a Sessão de Encerramento do Projecto de internacionalização da batata portuguesa e o Balanço da Campanha da Batata em 2022, organizada pela Porbatata em parceria com a FNOP e o COTHN.
O presidente da Porbatata, Eng. Sérgio Ferreira, fez a sessão de abertura e destacou 3 pontos importantes: – o encerramento do projecto de internacionalização é apenas financeiro; – a capacidade do sector em unir-se no desenrolar do projecto foi muito importante, e que em alguns casos foi possível tirar frutos interessantes deste trabalho; – dificuldades na promoção deste produto são evidentes, o que é percetível pela queda na tendência de consumo de batata na Europa.
O programa do evento contou com um leque de temas cruciais para o desenvolvimento e defesa do sector, começando Gisela Pires (Agência Evaristo) por apresentar o balanço da Miss Tata face ao encerramento do projecto de internacionalização, em que descreveu todo o processo de construção de imagem da Miss Tata como marca colectiva, e ainda sublinhou os desafios em posicionar o produto no mercado de forma competitiva, dado que o consumidor ainda não está formado sobre importância do produto atendendo à sua origem, apenas para a sua finalidade de confeção. Fez também referência às condicionantes, causadas pela pandemia, que o projecto enfrentou desde início, como se readaptou o mesmo com excelentes resultados e de como estamos apenas no inicio de um caminho com um trabalho que precisa ser continuado.
Na segunda parte do programa do evento, contámos com a intervenção de Lurdes Almeida (Torriba) sobre o tema “Oportunidades e Desafios – Campanha 2022”, tendo a mesma relatado desafios encontrados, pela organização de produtores da Torriba, nas culturas instaladas em diferentes locais e ciclos: precoce, médio e tardio, cujas condições climatéricas ao longo do ano tiveram impacto negativo na produção com a pressão provocada por pragas e doenças.
Como oportunidade destacou a cultura tardia em maio e a batata estival, que têm vindo a testar, para ir de encontro às necessidades de procura na indústria. Contudo o controlo de pragas e doenças face ao clima entre Verão e Inverno, torna difícil a produção de batata para o mercado de fresco, antevendo a redução de soluções químicas disponíveis no mercado num futuro próximo.
Seguidamente, Cristina Sanz (Corteva Agriscience), sobre o tema da molécula oxamil, fez referência ao último relatório emitido pela EFSA (Entidade Europeia de Segurança Alimentar), que manifestava preocupação quanto aos riscos de utilização desta molécula, comercializada como Vydate, por parte do operador, sendo que a Corteva defende ser seguro e o seu uso é apoiado por estudos de mitigação. Esta molécula é aplicada como nematodicida e está atualmente em fase de renovação pela UE para poder continuar a ser utilizada, sendo a votação em Janeiro 2023.
Alertou que em caso de resultado negativo, a utilização da molécula terá de ser limitada até ao fim de 2023, não havendo solução até 2027, quando terão o registo definitivo de um novo nematodicida fluazaindolizina (Reklemel Active).
Da UPL Ibérica, José Medrano deu a conhecer o novo anti-brolhante Argos, como uma solução 100% natural para aplicar durante a conservação de batatas à base de óleo essencial de laranja, e já disponível no mercado.
Já na mesa redonda de balanço da campanha de batata, moderada por José Diogo Albuquerque (Agroportal), contámos com as intervenções de Sérgio Margaço (STET), Ricardo Guerra (José Guerra) e Humberto Bizarro (Hortapronta), onde abordaram desafios e soluções para produção e comercialização de batata semente, batata de indústria e batata em fresco, respetivamente.
Foram abordados temas relacionados com um melhor planeamento de produção de batata em fresco, face às necessidades de mercado ao longo do ano, de modo a aliviar o impacto na queda de preço com a altura de entrada de batata francesa em Portugal, recorrendo assim à solução da batata estival. E que a batata-semente poderá sofrer aumentos de preço face à quebra de vendas de 2022 em Portugal.
Também que, o consumo de batata de indústria tem vindo aumentar consideravelmente, e o ano 2022 foi de muita procura na quarta gama e em french fries e chips. Como desafios para a batata de indústria foram destacados, a falta de áreas para iniciar campanha por forma honrar compromissos, uma vez que a grande subida de custos para os agricultores resultou em falta de confiança na garantia de retorno de investimento, associado à importação do produto, em determinadas épocas do ano, pela rede de distribuição, o que faz o sector de produção sentir falta de apoio.
No caso da batata em fresco, foi referido que o autoconsumo tem vindo a reduzir, é necessário incentivar o consumidor, sendo que a promoção anual da Porbatata deveria começar mais cedo. A crise deve diminuir a procura de batata lavada e aumentar na batata em sujo, mas a produção enfrenta custos elevados de produção e entre 2021 e 2022 verificou-se comprometida a margem de lucro com as produtividades que existiram.
Sérgio Ferreira, encerrou o evento com boa perspetiva para o futuro, não esquecendo as dificuldades de 2022 e que 2023 ainda será difícil. Com um mercado complexo e política de preços oscilante, torna-se importante o trabalho da Porbatata na defesa da fileira, e promoção como produto diferenciado, mas que a criação da associação se tratou de uma reação tardia do sector em 2016, pelo que os resultados só aconteceram com muito trabalho de imagem na diferenciação deste produto.
A sessão foi transmitida via Zoom (38 inscrições), teve cerca de 55 pessoas a assistir presencialmente e a gravação pode ser visualizada na íntegra no canal de Youtube – aqui.
Fonte: Porbatata