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Setembro não foi suficiente para aumentar disponibilidade hídrica

Setembro foi classificado como um mês chuvoso, tendo sido registado o valor médio da quantidade de precipitação de 66,5 mm. Apesar de corresponder a 158% do valor da normal climatológica 1971-2000, não foi suficiente para o aumento da disponibilidade hídrica, revelam os ministérios do Ambiente e da Ação Climática e da Alimentação e Agricultura.

No seguimento da reunião interministerial da seca, realizada a 14 de outubro, em Castelo Branco, os dois ministérios informam que a situação de seca diminuiu em setembro face ao mês anterior. Alguns locais do distrito da Guarda, Viseu e Castelo Branco passaram da classe de seca severa (a 31 de agosto) para a classe de seca fraca.

“No entanto, as chuvas de setembro não foram suficientes para o aumento das disponibilidades hídricas superficiais nem subterrâneas, pois o solo extremamente seco não permitiu a infiltração em profundidade nem a escorrência”, declaram, em comunicado.

O ano hidrológico terminou com um défice de precipitação de -393.8 mm e é o terceiro mais seco desde 1931, depois de 2004/05 e 1944/45.

Em termos de situação hidrológica, entre 22 de agosto (data da reunião interministerial anterior) e 10 de outubro, a reserva de água no conjunto das 80 albufeiras monitorizadas pela APA reduziu 167 hm3. Apenas nas bacias do Lima, Cávado, Douro e Sado se observou, a 10 de outubro, uma ligeira subida relativamente a 22 de agosto.

Na região do Algarve, as seis albufeiras monitorizadas têm um volume de cerca de 145 hm3 (correspondente a 33% da capacidade total). Estas albufeiras têm cerca de menos 82 hm3 do que em 1/10/21 (início do ano hidrológico anterior). Este armazenamento garante um ano de abastecimento para consumo público.

Preparação das campanhas de rega

O Governo declara que, das 44 albufeiras monitorizadas, 37 permitiram assegurar a campanha de rega de 2022 e foram tomadas as medidas necessárias e preventivas nas sete albufeiras com limitações de disponibilidade de água: No Algarve e Alentejo: Bravura, Santa Clara, Campilhas, Fonte Serne, Monte de Rocha; No Norte: Arcossó e Vale Madeira.

Para a campanha agrícola outono/inverno e da campanha de rega 2023 foi alargada a monitorização para 64 das albufeiras dos regadios públicos.

Os dois ministérios destacam ainda o aviso aberto, até 21 de outubro, para promoção da agricultura de precisão e inteligente e instalação de zonas de preparação/tratamento de resíduos de produtos fitofarmacêuticos.

As medidas já tomadas pelo Governo

O Governo lembra que adotou 93 medidas para combater a seca: 34 de governança, 34 no lado da procura e 25 do lado da oferta.

As medidas associadas à Governança centram-se na gestão e articulação dos diferentes usos nos sistemas críticos, na gestão ambiental, no reforço da monitorização e ainda no planeamento e estudos para promover a resiliência, nomeadamente através do aumento da eficiência e da adaptação. Das medidas preconizadas, 76% estão em implementação ou concluídas.

As medidas associadas à Procura centram-se essencialmente no aumento da eficiência e na utilização de ApR para usos não potáveis, suspensão temporária dos usos não essenciais de água da rede, bem como no desenvolvimento de medidas estruturais que visam o uso mais eficiente e articulado entre os diferentes setores. Das medidas definidas, 76% estão em implementação ou concluídas.

As medidas associadas à Oferta centram-se essencialmente no aumento das disponibilidades hídricas nas regiões mais críticas, nomeadamente utilização do volume morto, reativação de captações, interligações entre sistemas (Tua, Alqueva, etc). Das medidas preconizadas, 92% estão em implementação ou concluídas.

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


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