Acaba de tomar posse o “novo” Ministro da Agricultura.
Uma primeira e visível “novidade” poderá ser a de que o homem não usa bigode… Outras particularidades: – é Serrano de nome próprio e vem da administração de um hospital onde era gestor.
Bem, sendo “Serrano” de nome poderemos até desejar que tenha ligações à Serra, ao Mundo Rural…vindo da administração hospitalar poderemos esperar que venha tratar das “feridas” e dos males da nossa Agricultura…afirmando-se como “gestor” pois que consiga gerir menos mal o magro orçamento em princípio destinado à Lavoura pelo “seu” governo…
Pois, mas esta conversa não passa de mero devaneio linguístico, digamos assim. Claro que aquilo que nos interessa é o “resto” e, no caso, o “resto” é praticamente tudo.
SIM ou NÃO, Sr. novo Ministro (da Agricultura) ?
Vai ou não mudar de políticas agrícolas e de mercados? Vai ou não reformular o ProDeR de forma a apoiar – prioritariamente – as Explorações Agrícolas Familiares, a Floresta de uso múltiplo, os Mercados Locais e Regionais? Vai ou não, Sr. Ministro da Agricultura, abandonar a teoria-fraude da alegada “competitividade” ( para a exportação) e passar a dar toda a prioridade à Produção Nacional, ao mercado interno, para assim alimentar melhor os Portugueses e toda a População ?
A nós, é isto que mais interessa até porque não há tempo a perder.
Entretanto, que também não faça como anda a fazer a União Europeia a qual, enquanto prossegue nas práticas que arrasam a Produção Leiteira de base familiar, cria grupos de “alto nível” para “estudar” a “quadratura do círculo” do Sector do Leite e dos Lacticínios completamente esmagados, isso sim, pela política suicidária do neo-liberalismo, política essa que, pelos vistos, a UE e os vários governos teimam em prosseguir.
Se assim for, se o “novo” Ministro da Agricultura não nos ouvir e não nos respeitar, se não mudar de políticas, vão continuar a ser liquidadas milhares de Explorações Familiares; vai agravar-se a desertificação do Mundo Rural; vai aumentar ainda mais a dependência alimentar do nosso País; vai agravar-se o já brutal défice – cerca de quatro mil milhões de Euros por ano – da balança agro-alimentar de pagamentos. Dessa forma, a continuar por aí, será o desastre final !
Portanto, repete-se, não há tempo a perder. São precisas outras e melhores políticas agrícolas e de mercados.
De outra forma, o “novo” Ministro da Agricultura vai encontrar no seu caminho os Agricultores que já enfrentaram os ministros anteriores e (ainda) resistem – produzindo e querendo continuar a produzir – a estas políticas destrutivas que é preciso mudar, e de alto a baixo.
E não enfrentar a situação, e não debater isto com convicção, também é “discutir o sexo dos anjos” ou “encanar a perna à rã”…
João Dinis
“Competente” ou “incompetente” o (suposto) ministro da Agricultura de Portugal ? – João Dinis