O GPP divulga a edição N.º 21 da publicação Cultivar – Cadernos de Análise e Prospetiva, refletindo sobre o tema dos sistemas agroflorestais e a singularidade que estes assumem no território nacional.
Os sistemas agroflorestais são comuns em Portugal e resultam de um uso do solo adaptado às condições geomorfológicas e climáticas numa área muito significativa do território.
Os benefícios associados a estes sistemas são vários quer do ponto de vista produtivo, quer do ponto de vista ambiental: diversificação de atividades, regulação do balanço hídrico, eficácia do (re)aproveitamento dos nutrientes, manutenção da fertilidade e consequente sequestro de carbono, redução da lixiviação, mitigação do risco de incêndio, contributo para a criação de refúgio de biodiversidade e ainda o seu valor paisagístico intrínseco. A estes benefícios e múltiplas sinergias entre as componentes dos sistemas agroflorestais (solo, pastagens, árvores, pecuária, biodiversidade) estão associados, historicamente, diversas tensões que refletem modelos de gestão que podem fragilizar este equilíbrio entre as funções económicas, ambientais e climáticas.
Esta questão merece uma profunda reflexão de modo a que a segmentação territorial e, por vezes, das áreas do conhecimento, entre a agricultura e a floresta não reconduza a artificialismos que coloquem os sistemas agroflorestais portugueses em risco.
Considerando como relevante a valorização dos sistemas agroflorestais, particularmente os seus serviços agrogeológicos, deve ser dada a devida atenção à singularidade dos sistemas agroflorestais portugueses no seio da União Europeia e da PAC – Política Agrícola Comum, cuja revisão para 2023 tendo uma ambição ambiental e climática aprofundada, constitui uma oportunidade para valorizar a gestão sustentável dos sistemas de uso integrado do solo.
Os vários textos deste número desenvolvido pelo GPP integram um contributo relevante para esta reflexão, permitindo-nos ter uma visão alargada sobre o tema dos sistemas agroflorestais no atual momento de programação do próximo ciclo de programação dos instrumentos públicos de apoio dos fundos europeus.
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O artigo foi publicado originalmente em GPP.