Inovação permite a monitorização remota do inseto vetor da Flavescência Dourada (Scaphoideus titanus Bal.), que é 5-10 vezes mais pequeno que outros insetos já detetados por armadilhas.
Tecnologia combate o desperdício agrícola e diminui a utilização de pesticidas pela deteção precoce do inseto, reduzindo substancialmente os prejuízos e custos de controlo da doença.
O projeto Smart Trap foi distinguido, ontem, com o prémio Born from Knowledge (BfK) Awards, atribuído pela Agência Nacional de Inovação (ANI), no âmbito da 8ª Edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola. Esta tecnologia insere-se no trabalho de investigação executado no Projeto FDControlo, desenvolvido pelo INESC TEC, e que visa o entendimento da importância dos hospedeiros alternativos da dispersão da doença Flavescência Dourada (FD) em vinhas e adicionalmente a pragas em olivicultura.
O setor vitivinícola desempenha um papel primordial na economia nacional. Os vinicultores dependem de um bom estado fitossanitário das videiras, sendo que as vinhas no nordeste do país são gravemente ameaçadas pela FD. Esta doença afeta a vinha e provoca prejuízos elevados aos viticultores, não só no rendimento da produção como no aumento substancial dos custos de controlo da doença. Neste contexto, surge o projeto Smart Trap que intervém atempadamente na infeção das videiras, controlando a doença. O inseto vetor da Flavescência Dourada é capturado numa fita cromática, a identificação é feita por um sistema de captura de imagem que possibilita a transmissão sem fios periódica e o arquivo. O protocolo de comunicação e software são opensource, agnósticos a qualquer sistema de apoio à decisão e compatíveis com redes LoRA, LTE e WiFi. Isto permite a classificação à distância de insetos, emitindo um alerta aquando da sua presença, sendo escalável para adição de outros sensores.
“É para nós um reconhecimento do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito do projeto DEMETER e, além de nos fazer acreditar no seu potencial contributo para uma agricultura mais sustentável, ajuda-nos divulgar o projeto Smart Trap a potenciais tomadores de tecnologia.”, Pedro Moura, representante do projeto distinguido pela ANI.
O projeto encontra-se em fase de testes, pelo que, uma vez validado o protótipo e a propriedade intelectual protegida, será apresentado a empresas de tecnologia que promovem soluções na área, de forma a chegar ao utilizador final. Esta armadilha inteligente será apresentada em feiras de controlo de doenças e pragas e feiras de vinhos, para obter reconhecimento do sector e promover a tecnologia junto dos mercados alvo. Será ainda expandida para o mercado internacional, através da associação a produtores nacionais e internacionais para garantir uma produção em escala. Está previsto a realização de sessões de demonstração e experimentação em quintas parceiras, assim como a divulgação através de parceiros como CoLABS e Centros Nacionais de Competências.
“É com enorme satisfação que a Agência Nacional de Inovação (ANI) se associa, pela sexta vez a esta iniciativa. Nesta edição premiámos uma armadilha inovadora que permite monitorizar remotamente insetos 5-10 vezes mais pequenos que outros insetos já detetados por armadilhas. À excelência tecnológica, acresce o seu potencial impacto ambiental, social e económico, que nunca devem ser desligados das atividades de I&D”, sublinha João Borga, administrador da ANI.
Esta edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola, que dá destaque ao tema da Sustentabilidade, em linha com as prioridades nacionais e europeias de apoio à inovação no setor e com a estratégia do Crédito Agrícola, atribui prémios em cinco categorias: Agroindústria 4.0; Biotecnologia e Bioeconomia; Produtores Inovadores; Inovação em Parceria; e Projeto de Elevado Potencial promovido por Associado Crédito Agrícola.