O administrador-delegado da empresa concessionária da mina de Neves-Corvo, António Salvador, entende que a interligação da barragem de Santa Clara ao Alqueva, garantindo que haja sempre disponibilidade de água na albufeira situada no concelho de Odemira, é um projeto de “fácil execução” e que “urge fazer”.
“A Somincor une-se a este esforço, para podermos enfrentar este desafio e construir um futuro mais seguro para toda a região”, defendeu António Salvador.
A empresa mineira é uma das subscritoras do manifesto assinado a 5 de novembro, uma vez que é abastecida de água a partir da barragem de Santa Clara, no concelho de Odemira.
Segundo o administrador-delegado, a atividade associada a Neves-Corvo consome apenas “cerca de 3% da água de Santa Clara”, um valor residual mas que “é essencial” para o funcionamento da maior mina de zinco da Europa e a sexta maior do continente na produção de cobre.
Ainda assim, continuou António Salvador, a Somincor já conseguiu reduzir “em mais de 70%” o consumo de água bruto proveniente de Santa Clara, “através de grandes investimentos em sistemas de armazenagem e de tratamento para reciclagem” deste recurso.
“Iniciámos a nossa atividade, nos Anos 90, com um consumo de água de 300 m3 por hora e hoje consumimos menos de 85 m3 por hora”, frisou o gestor, acrescentando que 93% da água utilizada na mina é “reutilizada”.
Apesar desta maior capacidade da mina para reutilizar a água proveniente de Santa Clara, o administrador-delegado da Somincor reconheceu que os períodos de seca que afetam ciclicamente a região podem causar problemas à empresa, em virtude da diminuição da água disponível em Santa Clara.
“Estivemos, há pouco mais de 12 meses, a poucos dias de encerrar uma atividade que impactaria no trabalho de mais de 20 mil pessoas. Portanto, para nós é essencial que esta barragem seja utilizada na sua plenitude e que continue a ser uma fonte de água que é imprescindível para mantermos a Somincor a trabalhar”, disse.
Por isso, concluiu, “compete ao Homem não só mitigar os impactos que está a ter no clima, mas também aproveitar o conhecimento de engenharia que tem e a sua capacidade de executar obras para poder reduzir o impacto que estas alterações climáticas estão a ter na população”.