Incêndios florestais forçaram à retirada de mais de 1.500 pessoas no sudoeste da China, onde o calor extremo e a seca estão a obrigar ao racionamento de energia, relataram hoje os ‘media’ locais.
Alguns dos centros comerciais da cidade de Chongqing foram encerrados, durante grande parte do dia de hoje, para reduzir o consumo de eletricidade, informou a cadeia televisiva estatal CCTV.
A seca e o calor dizimaram também colheitas e fizeram com que os caudais dos rios, incluindo do Yangtzé, descessem, interrompendo o tráfego de carga e reduzindo o fornecimento de energia hidroelétrica, numa altura de crescente procura por ar condicionado.
A imprensa estatal noticiou que o Governo está a tentar proteger a colheita de cereais do outono, que representa 75% do total anual da China, lançando substâncias químicas de condensação para a atmosfera, com o intuito de gerar chuva.
A interrupção aumenta os desafios para o Partido Comunista Chinês (PCC), que está a tentar impulsionar o crescimento económico, nas vésperas do evento mais importante da agenda política da China.
O XX Congresso do PCC, que se realiza em meados do outono, deve atribuir ao atual secretário-geral do partido, Xi Jinping, um terceiro mandato de cinco anos, rompendo com a tradição política das últimas décadas.
As empresas da província de Sichuan foram informadas sobre a extensão do racionamento de energia, que ditou o encerramento temporário de fábricas.
A LIER Chemical Co. informou a Bolsa de Valores de Shenzhen que as suas instalações nas cidades de Jinyang e Guang’an, em Sichuan, receberam um pedido para racionar a energia até quinta-feira.
Fábricas em Sichuan que fabricam chips semicondutores, painéis solares, componentes para automóveis e outros produtos industriais foram obrigadas a desligar ou reduzir a atividade na semana passada, para economizar energia para o uso doméstico, já que a procura por ar condicionado aumentou substancialmente por causa das temperaturas elevadas, que chegaram a atingir os 45 graus Celsius.
Os sistemas de ar condicionado, elevadores e luzes foram desligados em escritórios e em centros comerciais.
Sichuan, com 94 milhões de habitantes, é especialmente atingida porque obtém 80% da sua energia de barragens hidroelétricas. Outras províncias dependem mais da energia a carvão, que não foi afetada.
O Governo chinês diz que este verão é o mais quente e seco da China desde que começou a haver registos de temperatura e de precipitação, em 1961.
Os incêndios nas áreas periféricas de Chongqing, que faz fronteira com Sichuan, são o último flagelo resultante do calor e da seca.
Mais de 1.500 moradores foram transferidos para abrigos, enquanto cerca de 5.000 civis e militares foram mobilizados para apagar as chamas, disse hoje a agência noticiosa oficial Xinhua.
Helicópteros foram enviados para lançar água nas florestas em chamas, apoiando as equipas em terra.
Em 2019, um incêndio florestal nas montanhas da província de Sichuan matou 30 bombeiros e voluntários.
Nenhuma morte foi relatada até ao momento na sequência desta vaga de calor, de acordo com a Xinhua, uma informação que não pode ser, no entanto, verificada de forma independente.