s dados sobre as importações dos seis maiores mercados da região – Indonésia, Singapura, Tailândia, Filipinas, Vietname e Malásia — compilados pela unidade de investigação ISI Markets, mostram que as vendas chinesas aumentaram de 330 mil milhões para 407 mil milhões de dólares (de 283 mil milhões para 349 mil milhões de euros) entre janeiro e setembro, face ao mesmo período de 2024.
As exportações chinesas para o sudeste asiático duplicaram nos últimos cinco anos, com o excedente comercial da China face à região a atingir este ano um novo máximo histórico. Em 2025, o crescimento médio foi quase o dobro da taxa anual composta de 13% registada entre 2020 e 2024.
A intensificação das trocas comerciais com os países vizinhos surge num contexto de desvio das exportações chinesas, penalizadas por tarifas norte-americanas que atingem atualmente cerca de 47%. Em contraste, os produtos chineses enfrentam tarifas médias de apenas 19% no sudeste asiático, tornando a região uma alternativa atrativa para os exportadores.
Segundo analistas, esta nova vaga de exportações poderá estar ligada a estratégias de evasão às tarifas dos EUA, através da reencaminhamento de produtos por países terceiros — uma prática conhecida como comércio triangular, no qual os produtos são exportados quase concluídos da China para outros países, onde é acrescentado um componente ou acabamento, visando alterar o local de fabrico.
Washington já advertiu que poderá aplicar tarifas adicionais até 40% a produtos com origem chinesa disfarçada.
Roland Rajah, economista do grupo de reflexão (‘think tank’) australiano Lowy, estimou que as exportações chinesas para a região aumentaram até 30% em setembro, sublinhando que esta vaga é distinta de anteriores. “Grande parte do que está a ser exportado é pró-crescimento”, disse, indicando que cerca de 60% dos bens enviados pela China são componentes usados em produtos fabricados na região para reexportação.
No segmento dos bens de consumo, a China consolidou-se como principal fornecedor da região, com destaque para o setor automóvel. Os veículos elétricos chineses, como os da fabricante de veículos elétricos e híbridos BYD, têm vindo a substituir modelos japoneses, incluindo Toyota, Honda e Nissan, tradicionalmente dominantes no sudeste asiático.
De acordo com dados da consultora PwC, a quota de mercado dos construtores japoneses nos seis principais mercados do sudeste asiático caiu para 62% no primeiro semestre de 2025, face a uma média de 77% na década de 2010. A China, por sua vez, passou de uma presença residual para mais de 5% de um mercado de 3,3 milhões de viaturas por ano.
Perante a pressão da concorrência chinesa, alguns países do sudeste asiático endureceram regras de importação e ponderam tarifas sobre determinados produtos.
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