diversidade biológica

“Temos de proteger a diversidade biológica que existe no mundo. Não queremos ficar sozinhos neste planeta”

Pelo menos um milhão de espécies da fauna e da flora estão ameaçadas e 680 espécies de vertebrados foram já levadas à extinção pelo homem. Investigar e apresentar evidências científicas do que estamos a fazer à biodiversidade e alertar os decisores políticos para o rumo que devem seguir é uma das principais funções da Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (conhecida pelo acrónimo IPBES), que acaba de vencer ao lado do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) o prémio Gulbenkian para a Humanidade. Em entrevista ao Expresso, Anne Larigauderie, a ecóloga francesa que preside ao IPBES, frisa acreditar “que a ciência permite tomar melhores decisões políticas para a biodiversidade”

O que representa este prémio para o IPBES e para os cientistas?

Estamos muito honrados e orgulhosos por receber este prémio prestigioso. É atribuído à comunidade científica que produz todo este trabalho numa base voluntária. Os cientistas fazem-no porque são apaixonados pelo seu trabalho e acreditamos que a ciência permite que se tomem melhores decisões políticas para a biodiversidade.

Considera importante a divisão do prémio entre o IPBES e o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas)?

Este prémio reforça a ideia de que a biodiversidade e as alterações climáticas estão ligadas e não devem ser vistas em separado. São as duas grandes crises que enfrentamos. Todos os seres vivos com quem partilhamos este planeta estão a sofrer, a perder habitats.

Referiu que as duas crises — da biodiversidade e do clima — estão ligadas, mas as pessoas não as veem com a mesma clareza. Estão mais atentas a eventos extremos climáticos que as afetam diretamente, como as secas, inundações ou ondas de calor, que à perda de espécies da fauna ou da flora, ou pensa diferente?

Penso que as pessoas se preocupam cada vez mais com a crise que afeta a natureza, observam-na nos campos em redor dos locais onde vivem e apercebem-se de que o mundo vivo está cada vez mais pobre. Não há tantas aves nos campos agrícolas, as populações de elefantes em África estão em queda e percebem que tudo isso as afeta, mesmo que não diretamente, quer em termos de consequências materiais, quer não materiais.

Um relatório do IPBES publicado na primavera passada confirma perdas de biodiversidade sem precedentes na história da humanidade, com a taxa de extinção de espécies a acelerar. Pode descrever algumas das principais conclusões deste relatório?

O relatório a que se refere foi o mais extenso feito até à data e conclui que o mundo está a viver uma degradação de ecossistemas a uma taxa e escala sem precedentes na história humana. Indica que cerca de um milhão de espécies entre 8 milhões de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção. Também fala de leis viciosos e dos impactos […]

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