Terra próxima do “caos climático”. Mas é possível limitar aquecimento global

A Terra está a aproximar-se do “caos climático”. Mas o aquecimento global pode ser limitado com ações de mitigação e “com ousadia e rapidez”, indica o Relatório sobre o Estado do Clima publicado esta quarta-feira na revista científica BioScience. 

O estudo anual, realizado por uma equipa internacional de investigadores, revela que a crise climática está “a acelerar a um ritmo alarmante”, apresentando “provas contundentes” de que o planeta “se está a aproximar do caos climático”, 

O estudo coliderado por William Ripple, da Universidade Estadual do Oregon, nos EUA, e por Christopher Wolf, da organização Terrestrial Ecosystems Research Associates (TERA).  assinala que “22 dos 34 ‘sinais vitais do planeta’ atingiram níveis recorde”.

Os indicadores monitorizados incluem o consumo de energia, as emissões e concentrações de gases com efeito de estufa, as temperaturas globais, as massas de gelo, as condições oceânicas e os padrões climáticos extremos. Estes indicadores fornecem em conjunto uma visão abrangente das alterações climáticas e das suas causas.

Segundo os investigadores, a confirmação de que o planeta viveu em 2024 o ano mais quente já registado é um sinal do que designam de a “escalada da turbulência climática”.

“Até à data, em 2025, o dióxido de carbono atmosférico está num nível recorde, provavelmente agravado por uma queda repentina na absorção de carbono pela terra, em parte devido ao El Niño e a incêndios florestais intensos”, afirmam os autores.

O relatório destaca riscos em cascata, incluindo uma potencial rutura da circulação meridional do Oceano Atlântico, que “poderá desencadear perturbações climáticas abruptas e irreversíveis, incluindo mudanças drásticas nos padrões climáticos regionais, intensificação de secas e inundações e redução da produtividade agrícola em regiões chave”.

Tendo em conta os terríveis riscos, os cientistas dizem serem “necessárias urgentemente” estratégias de mitigação das alterações climáticas que, salientam, “estão disponíveis” e “são economicamente viáveis”.

De acordo com a agência Lusa, o estudo destaca outras ações de mitigação como a redução da perda e do desperdício alimentar, que representam cerca de oito a 10% das emissões globais, e a restauração de ecossistemas degradados, como zonas húmidas, turfeiras e mangais.

“O custo da mitigação das alterações climáticas é provavelmente muito inferior aos danos económicos mundiais que os impactos relacionados com o clima podem causar”, nota o relatório.

Os autores enfatizam o poder da ação coletiva, referindo que “pontos de inflexão sociais podem impulsionar mudanças rápidas”.

“Estamos a prejudicar desproporcionalmente os vulneráveis e marginalizados – os menos responsáveis pela crise”, referem citados no comunicado, insistindo que “o futuro ainda está a ser escrito” através de escolhas de políticas, investimentos e da ação coletiva.

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