Tomate de Indústria – práticas culturais – Bruno Moura

O tomate de indústria é a cultura horto-industrial que detém maior importância económica em Portugal, sendo exportado cerca de 95% do concentrado produzido. Por isso, na AGROMAIS, desde sempre, procurámos promover a sua introdução junto dos nossos produtores no Ribatejo e, mais recentemente, na promoção da cultura na área de influência do Alqueva.

A cultura adapta-se bem a diversos tipos de solo preferindo, no entanto, solos profundos, de textura franca ou areno-argilosa e bem drenados. Tem uma sensibilidade moderada à salinidade. O pH entre 5.5 e 7.0 são os mais favoráveis.

É de extrema importância uma cuidada preparação do terreno de modo a facilitar o bom desenvolvimento do sistema radicular e facilitar a colheita mecânica. Se possível as lavouras ou subsolagens devem ser efetuadas no Outono anterior à plantação.

Sendo uma cultura de Primavera/Verão, as plantações têm início, geralmente, na última semana de Março e são escalonadas durante cerca de 10 semanas, até ao início de Junho. As variedades mais produzidas são: H9553, H9144, H9665, CXD 293 e CXD 294.

A adubação depende de vários fatores, entre os quais, produção esperada, características do solo, precedente cultural, variedade, entre outros. A adubação mais aconselhável será sempre efetuada com base nos resultados das análises de terra.

O controlo das infestantes, desde o estado inicial, é absolutamente necessário dado que a competição que se estabelece provoca atraso no desenvolvimento do tomate, redução no rendimento e dificulta a colheita.

O sistema de rega utilizado é a gota-a-gota. O stress hídrico devido a excesso ou escassez de água é altamente prejudicial e provocará sempre quebras de produção. Há problemas evitáveis se a rega for efetuada de forma racional tais como a queda de flores, podridão apical, bacterioses e outras doenças, escalonamento da maturação, menor resistência ou baixo teor de brix dos frutos. As exigências hídricas do tomate de indústria são elevadas e as fases em que a planta é mais sensível ao défice hídrico são a floração, vingamento e engrossamento dos frutos. Sendo a rega um fator tão crítico para a cultura, temos tido uma adesão total dos produtores ao nosso serviço gestão da rega, em que temos uma equipa que garante a monitorização de água no solo e apoia os agricultores na tomada de decisão do quanto e quando devem regar.

A colheita decorre entre o final de Julho e o início de Outubro, sendo atualmente completamente mecanizada.

O principal objetivo do produtor de tomate para além da produção e qualidade, deverá ser a obtenção de grau brix* o mais elevado possível, uma vez que continua a ser o principal critério de valorização do tomate pela indústria. Neste momento as indústrias apontam também para outros critérios de valorização do tomate como a “cor” e o “licopeno”.

Portugal tem condições muito adequadas à produção de tomate, sendo o 8.º maior país produtor a nível mundial e o 3.º a nível europeu. É importante referir que a recente evolução da cultura, em que se assistiu a um crescimento de 57% da produção, foi feita com menos de 32% dos produtores de tomate que existiam em 2000, o que reflete bem o aperfeiçoamento técnico dos produtores e da maior eficiência na utilização de recursos.

A melhoria produtiva tem sido sempre um objetivo da assistência técnica que prestamos aos nossos agricultores. Acreditamos que a cultura do tomate é estratégica para a região e para o país e, por isso mesmo, temos apostado em consolidar a parceria com produtores e com a indústria.

Bruno Moura
Departamento Técnico da AGROMAIS – Entreposto Comercial Agrícola, C.R.L

(*) Nota do Editor:
A escala Brix (símbolo °Bx) é uma escala numérica utilizada na indústria de alimentos para medir a quantidade aproximada de açúcares em sumos de fruta, vinhos e na indústria de açúcar, bem como noutras soluções. Quanto mais alto o grau Brix, maior a doçura e a qualidade.


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