A guerra na Ucrânia poderá “empurrar” 40 milhões de pessoas em todo o mundo para a pobreza extrema e insegurança alimentar.
Os Estados Unidos anunciaram esta quarta-feira que vão enviar mais 215 milhões de dólares (205 milhões de euros) em ajuda alimentar para a Ucrânia.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse também numa reunião do Apelo à Ação de Segurança Alimentar Global em Nova Iorque que espera que o Congresso dos EUA aprove “muito em breve” cerca de 5,5 mil milhões de dólares [5,2 mil milhões de euros] “em financiamento adicional para assistência humanitária e segurança”.
A guerra na Ucrânia espoletou uma crise global das cadeias de abastecimento, que poderá ‘empurrar’ 40 milhões de pessoas em todo o mundo para a pobreza extrema e insegurança alimentar este ano.
O Secretário de Estado norte-americano salientou que é essencial aumentar o investimento em organizações internacionais, tais como o Programa Alimentar Mundial, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Além disso, no contexto da invasão da Ucrânia, Blinken instou os governos de todo o mundo e as organizações internacionais a “forçar” a Rússia a criar corredores humanitários para que os alimentos e outros abastecimentos vitais possam sair em segurança da Ucrânia por terra ou mar.
“Estima-se que existem atualmente 22 milhões de toneladas de cereais em silos na Ucrânia, alimentos que poderiam ajudar imediatamente os necessitados, se simplesmente conseguissem sair do país”, explicou.
Blinken também chamou a atenção para a escassez global de fertilizantes, um problema que em África se traduziu num aumento dos preços (quatro vezes mais) desde o início da pandemia de Covid-19 e que foi desencadeado pelas sanções impostas à Rússia, o maior exportador mundial.
A guerra na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas – cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente Vladimir Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU afirmou que morreram mais de 3.700 civis e que mais de quatro mil ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.