Uma segunda remessa de fertilizantes russos irá para a África Ocidental após as Nações Unidas terem ultrapassado os obstáculos relacionados com as sanções contra a Rússia, disse um alto funcionário da ONU envolvido nas conversações.
“Agora temos um modelo que funciona. Esta é uma atividade humanitária. O Programa Alimentar Mundial (PAM) é responsável por levar fertilizantes dos portos para os países que deles necessitam”, disse a oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Rebeca Grynspan, num encontro com a imprensa em Genebra.
Como parte da aplicação dos dois acordos assinados em 22 de julho, em Istambul, para assegurar o livre acesso a alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia, o PAM anunciou há alguns dias que iria facilitar a doação de 260.000 toneladas de fertilizantes pela empresa russa de fertilizantes Uralchem-Uralkali aos países mais necessitados de África, tendo o Maláui como seu primeiro destino.
“Há cerca de 300.000 toneladas de fertilizantes nos portos europeus”, disse Grynspan.
O primeiro carregamento de 20.000 toneladas de fertilizante deverá deixar os Países Baixos na segunda-feira para o Maláui, via Moçambique. “O navio está a ser carregado”, afirmou Grynspan.
A remessa é “muito importante porque o Maláui é um dos países que está no vermelho no que diz respeito aos fertilizantes”, acrescentou.
“Estamos muito interessados em receber o carregamento para o Maláui o mais depressa possível e antes do fim da época de plantio”, continuou.
“Depois do Maláui, graças à doação de Uralchem-Uralkali, à intervenção do PAM e com a ajuda do Banco Mundial e da França, esperamos que o próximo destino dos fertilizantes seja a África Ocidental, que foi gravemente afetada pela crise dos fertilizantes”, que se tornou demasiado cara, anunciou Grynspan, sem dar pormenores sobre as datas ou países em causa.
Um acordo separado, paralelo ao sobre cereais ucranianos, foi assinado entre a Rússia e a ONU a 22 de julho, em Istambul, sobre as exportações russas de fertilizantes e produtos alimentares. Este memorando tem a duração de três anos.
Os produtos agrícolas e fertilizantes não são abrangidos pelas sanções contra a Rússia, mas devido aos riscos ligados ao conflito no Mar Negro os armadores já não queriam contratar os seus navios porque não conseguiam encontrar um seguro.
Após intensas discussões, a Rússia e a ONU estabeleceram um quadro para seguros, transações financeiras e outras questões que é compatível com os três sistemas de sanções existentes – Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia – criados na sequência da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.