O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou hoje a decisão russa de reativar o acordo para a exportação de cereais a partir da Ucrânia, afirmando que se esforçará por prorrogá-lo além do prazo de 19 de novembro.
Através do seu porta-voz, Guterres agradeceu os esforços diplomáticos da Turquia, que fez a mediação entre Moscovo e Kiev para a manutenção deste pacto, depois de o Governo russo ter suspendido a sua participação nele em resposta a um ataque com ‘drones’ (veículos aéreos não-tripulados) à sua frota militar em Sebastopol, no sábado passado.
Hoje, a Rússia anunciou a reativação do acordo, depois de as autoridades ucranianas lhe terem feito chegar garantias, através da ONU e de Ancara, de que Kiev não utilizará o corredor de exportação de cereais para fins militares.
Tal permitirá retomar as partidas dos navios carregados de cereais, no âmbito deste regime acordado em julho e que, se não for renovado, expira no dia 19 deste mês.
As Nações Unidas andam há semanas a tentar obter a anuência russa para prolongar a vigência do acordo a longo prazo, mas Moscovo já pôs em dúvida a sua continuação, em várias ocasiões.
Guterres disse hoje que continua em contacto com todas as partes para alcançar esse objetivo e indicou que a ONU se mantém empenhada em eliminar todos os obstáculos com que continuam a deparar-se as exportações russas de alimentos e fertilizantes, uma das queixas de Moscovo.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 252.º dia, 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.