A Ucrânia salientou hoje que as exportações de cereais se tornaram “impossíveis” depois de a Rússia ter saído do acordo que permitia essa exportação, repondo assim o bloqueio ao comércio global desse produto.
A Rússia anunciou a saída do acordo após um ataque à sua frota na Crimeia, que Moscovo atribuiu a Kiev com a ajuda de Londres.
Os militares russos disseram hoje que o ataque, realizado com a ajuda de drones aéreos e marinhos, que atingiram pelo menos um navio militar russo na baía de Sebastopol, tinha incluído a utilização da área segura dedicada ao transporte de cereais ucranianos.
Segundo Moscovo, um dos drones utilizados no ataque pode ter sido lançado “de um dos navios civis fretados por Kiev ou pelos seus comandantes ocidentais para exportar produtos agrícolas dos portos marítimos ucranianos”.
Kiev denunciou no sábado que a Rússia usou um “falso pretexto” para repor o bloqueio às exportações de cereais ucranianos e apelou à comunidade internacional para pressionar Moscovo a “respeitar novamente as suas obrigações”.
Londres negou qualquer responsabilidade pelo ataque na Crimeia e Washington e a União Europeia condenaram a retirada da Rússia do acordo, essencial para o abastecimento alimentar global, alcançado em julho sob os auspícios da ONU e da Turquia.
No seu discurso diário em vídeo, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse esta noite que “a Rússia é a única responsável pelo facto de a alimentação se ir tornar mais cara na África Ocidental e na Ásia Oriental. A Rússia é a razão pela qual a população da Etiópia, Somália ou Iémen vai enfrentar carências catastróficas”.
Zelensky deu ainda o exemplo de um navio fretado pela ONU com 40.000 toneladas de cereais com destino à Etiópia, pronto a deixar o porto de Chornomorsk e que não o pode fazer.
“A Etiópia está perto da fome”, disse.
Entretanto, em Istambul, o Centro Comum de Coordenação (CCC) que supervisiona o acordo de exportação de cereais ucranianos disse que a delegação russa envolvida nas inspeções dos navios que transportam cereais ucranianos se retiraria “por um período indeterminado”.