A Rússia ainda não decidiu se irá concordar com uma extensão do acordo dos cereais ucranianos, que expira em pouco mais de duas semanas, disse hoje o Kremlin, indicando que primeiro quer avaliar o seu impacto.
A recente decisão da Rússia de retornar ao acordo, do qual se retirou brevemente, não significa que vai querer estendê-lo para além de 19 de novembro, que é o seu prazo atual, alertou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
“O prazo ainda não passou (…). Antes de decidir continuar, será necessário realizar uma avaliação antes de 19 (novembro) sobre a eficácia do acordo, como os seus parâmetros foram implementados”, acrescentou o porta-voz russo.
Este acordo, concluído sob a égide da ONU e da Turquia em julho, permitiu desbloquear as exportações dos cereais ucranianos que foram prejudicadas pela ofensiva que Moscovo está a liderar naquele país.
Entretanto, as autoridades russas reclamam regularmente de obstáculos persistentes às suas próprias exportações de cereais e fertilizantes devido às sanções ocidentais, acreditando que o acordo não é aplicado quando diz respeito à Rússia.
Durante uma viagem à Jordânia esta semana, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, reiterou essas críticas e pediu “medidas sérias” para “remover obstáculos” às exportações russas.
No último fim de semana, Moscovo suspendeu a sua participação no acordo após ataques contra navios russos no Mar Negro. O Kremlin finalmente decidiu, na quarta-feira, retornar ao acordo após negociações lideradas pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Peskov assegurou que o Kremlin recebeu “garantias” que Kiev não usaria o corredor que permite que navios de cereais naveguem para atacar Moscovo, julgando que a presença da Turquia nas discussões foi “o principal fator de confiança para a Rússia”.
Na quarta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, alertou que Moscovo poderia sair do acordo novamente se essas “garantias” fossem violadas.