Seis navios carregados com cereais partiram de portos ucranianos rumo à Turquia para serem inspecionados, no âmbito do acordo assinado em julho por Kiev e Moscovo, divulgou hoje o Ministério da Defesa turco.
“O embarque de cereais nos portos ucranianos continua conforme o planeado”, destacou o Ministério da Defesa turco através da rede social Twitter.
O governo da Turquia tem utilizado o Twitter para relatar a saída de navios com cereais para o centro de coordenação, localizado em Istambul.
O acordo assinado em julho por Kiev e Moscovo, sob a égide da Turquia e das Nações Unidas, tem permitido a retoma da exportação de cereais ucranianos bloqueados devido à guerra entre os dois países.
No âmbito do acordo, a capital turca transformou-se num centro de coordenação que tem como objetivo realizar inspeções conjuntas nas entradas e saídas dos portos e garantir a segurança das rotas.
Os navios cruzam o Mar Negro até ao estreito de Bósforo, na Turquia, onde está localizado o centro, que se encarrega de examinar os navios que entram na Ucrânia para garantir que não carreguem armas ou material de combate.
A Ucrânia e a Rússia estão entre os maiores exportadores de cereais do mundo, cujo preço disparou desde que a ofensiva russa começou.
De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), 22 milhões de pessoas estão em risco de fome no Corno de África, incluindo a Somália, a Etiópia e o Quénia, devido a uma seca história – a pior em pelo menos 40 anos.
A seca desde finais de 2020 na região matou milhões de animais e destruiu colheitas.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial da ONU, a próxima estação chuvosa, entre outubro e dezembro, ainda terá uma precipitação insuficiente.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 191.º dia, 5.663 civis mortos e 8.055 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.