A Associação Portuguesa da Cortiça (Apcor) está a estudar soluções para mitigar o impacto da invasão russa da Ucrânia no setor, que em 2021 exportou 0 milhões de euros para aqueles países, avançou hoje à Lusa o secretário-geral.
“Estamos conscientes dos impactos económicos que este conflito vai ter, desde logo naquilo que são as exportações do setor para estes dois países”, afirmou João Rui Ferreira em declarações à agência Lusa.
Segundo o secretário-geral da Apcor, em 2021 as exportações portuguesas de cortiça para a Ucrânia representaram 0,4% das vendas externas do setor, somando menos de cinco milhões de euros e prevendo-se que, com o atual conflito, “passem para zero”.
Já para a Rússia, o setor corticeiro nacional vendeu 26 milhões de euros no ano passado, que correspondem a uma quota de 2,3%.
“No caso da Rússia vamos ter também impactos severos, que advêm da dificuldade de acesso a divisas, das sanções internacionais aplicadas e de toda uma desvalorização do rublo, que vão ter, certamente, um impacto forte nas exportações para este mercado”, antecipou o dirigente associativo.
De acordo com João Rui Ferreira, nos últimos dois anos o mercado russo vinha já a registar “uma queda acentuada das exportações, que tinham diminuído cerca de 30% no acumulado”.
O dirigente associativo manifestou-se ainda “preocupado” com os efeitos deste conflito “do ponto de vista global”: “Temos clientes de outros mercados que também tinham a Rússia como destino das suas exportações e que serão impactados, portanto, estamos atentos a tudo o que são os efeitos deste conflito, uns mais de mais curto prazo e outros que se vão refletir no longo prazo”, afirmou.
Garantindo que a Apcor “estará disponível para tentar encontrar medidas que possam mitigar e apoiar as empresas, sobretudo no curto prazo”, o secretário-geral da associação afirmou-se convicto que “o setor, como sempre faz em momentos de dificuldade, vai unir-se para encontrar soluções para ultrapassar mais esta crise”.
“O setor da cortiça tem uma grande diversificação de mercados e exporta para mais de 100 países. Algumas empresas poderão estar mais expostas, mas por isso estamos, também, a auscultar os nossos associados para termos esse quadro mais claro”, asseverou.
João Rui Ferreira faz, contudo, questão de salientar que “a prioridade agora é uma preocupação grande com a situação humanitária que está a ser vivida”, manifestando “a solidariedade da Apcor e de todo o setor da cortiça para com o povo ucraniano”.
A Rússia invadiu a Ucrânia na madrugada de 24 de fevereiro, numa ação descrita pelo Presidente Vladimir Putin como uma “operação militar especial” para proteger as pessoas que “têm sofrido abusos e genocídios por parte do regime de Kiev durante oito anos”.
Putin disse que a operação visa “desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia”, recordou a agência TASS.
A invasão foi criticada pela generalidade da comunidade internacional.
A União Europeia (UE), países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão ou a neutral Suíça, bem como federações desportivas, impuseram sanções duras à Rússia, que estão a afetar setores como a banca, a aviação ou o desporto.
As sanções também visam individualidades russas, como o próprio Putin ou o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.
A ONU deu conta de que mais de um milhão de pessoas fugiram para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia desde o início da invasão da Ucrânia.