Ucrânia. Teme-se uma crise alimentar global

Antevê-se mais instabilidade nos países em desenvolvimento, com tantos cereais retidos em Odessa. No Sri Lanka há motins, a rua árabe exige pão e agências humanitárias não conseguem enfrentar o aumento dos preços.

Perante o bloqueio e bombardeamentos a Odessa, o porto por onde passava boa parte do óleo de girassol, trigo e milho da Ucrânia, aumentam os alertas para uma crise alimentar global. Algo que ameaça deixar o Terceiro Mundo num turbilhão.

Enquanto silos cheios de comida, pronta a ser exportada, são deixados abandonados à beira do Mar Negro, há motins e perseguições a políticos no Sri Lanka, devido à fúria com o aumento do preço dos alimentos (página 11). No Médio Oriente ninguém esquece como a subida do preço do pão despoletou a Primavera Árabe. E o Programa Alimentar Mundial (WFP, na sigla inglesa) já veio avisar que alimenta uns 138 milhões de pessoas em países devastados pela guerra, como a Etiópia, com cereais comprados à Ucrânia.

“Pela primeira vez em décadas não há o habitual movimento da frota mercante, nenhum funcionamento do porto em Odessa. Provavelmente isto nunca aconteceu em Odessa desde a II Guerra Mundial”, lamentou Volodymyr Zelenskiy, esta terça-feira. “Sem as nossas exportações agrícolas, dezenas de países em diferentes partes do mundo estão à beira de uma escassez alimentar. Ao longo do tempo, a situação pode tornar-se terrível”, alertou o Presidente ucraniano, apelando a uma resposta internacional para levantar o bloqueio naval russo.

Apesar da guerra, a Ucrânia, que costumava ser responsável por metade da produção mundial de óleo de girassol, bem como uns 12% do milho e 15% do trigo, ainda conseguiu exportar milhões de toneladas de cereais em abril, sobretudo através da fronteira com a Polónia e Roménia.

O Governo ucraniano tem tentado apostar no porto romeno de Constanta, nas margens do Mar Negro, mas mesmo assim tem estado a perder o equivalente a quase 1,5 mil milhões de euros por mês, segundo dados do Ministério da Agricultura, citados pela France Press.

Cerca de 25 milhões de toneladas de cereais ficaram presos na Ucrânia, avisou uma fonte nas Nações Unidas à Reuters, havendo receio que o risco de uma crise alimentar global se agrave no próximo ano, com tanto das férteis estepes ucranianas por cultivar. A época da sementeira de primavera chegou em plena guerra, quando muitos agricultores tiveram que combater, […]

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