A União Europeia saudou hoje a saída do primeiro cargueiro com cereais ucranianos do porto de Odessa, comentando que é “um primeiro passo bem-vindo para mitigar a crise alimentar global” provocada pelo bloqueio russo no Mar Negro.
“A União Europeia congratula-se com a saída do primeiro navio comercial do porto de Odessa desde a assinatura do acordo de 22 de julho, após meses de bloqueio por parte da Rússia, e após a Rússia ter bombardeado este mesmo porto um dia após a assinatura”, reagiu o porta-voz da Comissão Europeia responsável pela política externa.
Segundo Peter Stano, porta-voz principal do Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, “este é um primeiro passo bem-vindo para mitigar a crise alimentar global, que foi agravada pela agressão ilegítima da Rússia contra a Ucrânia e o bloqueio russo dos portos ucranianos”.
Na mesma linha, o porta-voz lembrou que esta retoma das exportações dos cereais ucranianos ocorre depois de a Rússia, no quadro da invasão da Ucrânia lançada a 24 de fevereiro passado, ter “destruído os campos de cultivo, os silos, queimado os cereais, roubado e tentado vendê-los”.
“Portanto, este é um primeiro passo muito importante e muito bem-vindo e aguardamos com expectativa a implementação de todo o acordo e a retoma das exportações ucranianas para os clientes de todo o mundo”, porque “as consequências negativas da agressão da Rússia contra a Ucrânia e o bloqueio dos portos ucranianos estão a afetar as pessoas mais vulneráveis em África, na Ásia e no Médio Oriente”, concluiu.
Também o secretário-geral da NATO já reagiu à saída do primeiro navio carregado com cereais da Ucrânia desde o início do conflito, no quadro do acordo internacional alcançado sob a mediação das Nações Unidas, agradecendo também à Turquia, país membro da Aliança Atlântica, pelo seu “papel fulcral” nas negociações que permitiram levantar o bloqueio russo no Mar Negro.
“Os Aliados da NATO apoiam fortemente a plena implementação do acordo para atenuar a crise alimentar global causada pela guerra da Rússia na Ucrânia”, escreveu Jens Stoltenberg na sua conta oficial na rede social Twitter.
O primeiro carregamento de cereais ucranianos deixou o porto de Odessa hoje de manhã, tal como previsto nos termos do acordo internacional com a Rússia, assinado em Istambul, anunciou o Ministério da Defesa turco.
“O navio Razoni deixou o porto de Odessa em direção ao porto de Tripoli no Líbano. A chegada a Istambul está prevista para 02 de agosto [terça-feira]. Continuará a sua viagem até ao seu destino após as inspeções realizadas em Istambul”, acrescentou.
A Rússia e a Ucrânia assinaram acordos separados com a Turquia e as Nações Unidas, abrindo caminho para a Ucrânia – um dos principais celeiros mundiais – exportar 22 milhões de toneladas de cereais e outros produtos agrícolas que ficaram retidos nos portos do Mar Negro devido à invasão da Rússia.
Os acordos também permitem à Rússia exportar cereais e fertilizantes.
O navio de carga, com pavilhão da Serra Leoa, deve fazer uma escala em Istambul na terça-feira onde vai ser inspecionado antes de seguir viagem.
A carga tem como destino o Líbano, país que enfrenta uma grave crise económica e financeira.
Entretanto, o executivo da Turquia disse, através de um comunicado, que “outros navios” devem zarpar dos portos ucranianos e navegar em corredores seguros [no Mar Negro], tal como previsto no acordo de 22 de julho, sem divulgar mais detalhes.