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Ucrânia: Zelensky adverte para risco de “tsunami migratório” devido a crise alimentar

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou hoje, por videoconferência num festival em Viena, que o bloqueio do mar Negro ameaça uma fome iminente que por sua vez desencadearia grandes fluxos migratórios.

“A Rússia bloqueou o mar Negro e milhões de pessoas em África e na Ásia são reféns…”, disse Zelensky, segundo a interpretação simultânea para o alemão da sua intervenção em ucraniano.

“Se o mar Negro não for desbloqueado, haverá um tsunami migratório”, acrescentou perante a plateia do Festival “4Gamechangers”, transmitido ao vivo pela emissora privada Puls4.

Zelensky referia-se às toneladas de cereais que não conseguem chegar aos mercados internacionais porque estão bloqueadas nos portos ucranianos devido à invasão russa, em 24 de fevereiro passado.

Depois de agradecer a ajuda humanitária recebida dos austríacos, bem como o acolhimento dos refugiados ucranianos, Zelensky pediu que “compreendessem quem é o culpado pela guerra” e enfatizou que o seu país precisa de ainda mais apoio, pelo que pediu a Viena que “redobre o compromisso” para que a União Europeia (UE) imponha um sétimo pacote de sanções à Rússia.

Sem sanções será impossível vencer a Rússia, insistiu, dirigindo-se também ao Presidente austríaco, Alexander van der Bellen, e ao chanceler federal, Karl Nehammer, ambos presentes no festival.

A Áustria presta apoio humanitário a Kiev, mas não pode enviar armas devido à sua neutralidade permanente, ancorada na sua Constituição.

Zelensky insistiu que o exército ucraniano precisa urgentemente de mais armas para poder repelir a ocupação russa.

“A Rússia não quer falar e só entende a linguagem das armas”, defendeu.

“Usamos essas armas apenas no território que a Rússia ocupa ou quer ocupar”, acrescentou, lembrando que a Ucrânia já foi atingida, desde o início da invasão russa por três mil mísseis, direcionados principalmente a alvos civis.

Pouco antes das palavras de Zelensky, o ator americano George Clooney explicou ao público que com a sua mulher estão a tomar medidas para levar à justiça os responsáveis ??pelos crimes cometidos por membros do exército russo na Ucrânia.

“Estamos a tentar reunir provas que possam ser usadas mais tarde em tribunal”, disse Clooney.

O ator especificou que a sua mulher, Amal, e a Fundação Clooney para a Justiça, fundada por ambos em 2016 para prestar apoio às vítimas de violações de direitos humanos, estabeleceram uma equipa que recolhe provas forenses de alegados crimes de guerra na Ucrânia.

“A paz tem que ser a primeira prioridade, mas a justiça tem que ser a principal”, sustentou a estrela de Hollywood.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e a ofensiva militar já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.


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