O presidente da União Africana, Macky Sall, apelou hoje, em Bruxelas, ao investimento financeiro e tecnológico da Europa em África para aumentar a produção agrícola, no âmbito da crise de abastecimento causada pela invasão russa da Ucrânia.
“O que nos falta e que podem trazer-nos é o investimento financeiro e tecnológico necessário para produzirmos mais e melhor”, disse Sall, intervindo por vídeo conferência no segundo dia da reunião do Conselho Europeu, quando na ordem de trabalhos se abordou a questão da segurança alimentar.
O líder da UA considerou também que “a situação é preocupante mas o pior ainda está para vir, se a tendência atual [de escassez da oferta e subida dos preços] se mantiver”.
A crise alimentar, salientou ainda, “afeta particularmente” os países africanos “devido à forte dependência das produções russas e ucranianas de trigo”, acrescentando que mesmo antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, os dados oficiais sobre segurança alimentar indicavam que, em 2020, “282 milhões de pessoas, ou seja, mais de dois terços dos subalimentados no mundo, vivem em África”.
Referindo-se à iniciativa FARM, para a resiliência agrícola e alimentar, Sall desejou que esta seja abordada numa ótica de “parceria e complementaridade”.
Os líderes da União Europeia anunciaram, no final do Conselho Europeu de 24 e 25 de março, a iniciativa FARM para contrariar a escassez de alimentos em países em situação de vulnerabilidade, causada pela guerra na Ucrânia, país considerado ‘o celeiro da Europa’.
Esta iniciativa é baseada em três pilares: comércio, solidariedade e produção – e implica um trabalho multilateral, nomeadamente com a União Africana, para garantir o funcionamento eficiente dos mercados e fomentar a produção local para reduzir o risco de insegurança alimentar.