
‘Escondida’ entre montanhas, é um dos grandes segredos arqueológicos da Europa. Esta gruta milenar, revela testemunhos únicos da presença humana durante o Paleolítico. A sua descoberta não foi planeada nem esperada, mas tornou-se num dos marcos da arte rupestre europeia.
Um achado inesperado em Málaga
A história da Cueva de la Pileta começa em 1905, quando José Bullón, um agricultor local, procurava guano, um fertilizante natural proveniente de fezes de aves e morcegos, nas montanhas perto de Benaoján. Seguindo o voo dos morcegos, acabou por encontrar algo bem mais valioso: uma gruta repleta de vestígios pré-históricos.
O agricultor ‘abriu a porta’ a um dos sítios arqueológicos mais importantes da Península Ibérica, segundo o El Confidencial. Entre os primeiros achados encontraram-se vasos, ossos humanos e surpreendentes pinturas nas paredes da gruta.
Pinturas rupestres de valor incalculável
Ao todo, foram identificadas mais de 500 figuras pintadas no interior da caverna. Entre elas, destacam-se representações de animais como bisontes, cavalos e peixes, que nos dão pistas sobre a fauna da época e as preocupações das comunidades humanas de então.
Quando o arqueólogo Henri Breuil visitou o local, ficou impressionado com o que viu e, citado pela mesma fonte, deixou um aviso que perdura até hoje: “Não permitas que nada danifique a caverna. As suas pinturas são um tesouro sem preço.”
Um património nacional
Em 1924, a importância histórica e cultural da gruta levou a que fosse oficialmente classificada como Monumento Nacional em Espanha. Desde então, tem sido alvo de estudos, escavações e ações de conservação.
A Cueva de la Pileta estende-se por mais de dois quilómetros de galerias, com algumas zonas a atingir 15 metros de altura.
Salas com história e objetos únicos
De acordo com a fonte anteriormente mencionada, durante a visita, é possível explorar várias salas com nomes simbólicos, como a sala da Arcilla ou a sala do Castillo. Estes espaços mostram que a gruta terá sido usada como ponto de passagem ou abrigo por comunidades nómadas que circulavam entre o interior e o litoral da Andaluzia.
Entre os objetos encontrados destaca-se um colar em forma de figura feminina. Esta peça pode hoje ser vista no Museu de Málaga.
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Visitas organizadas e regras de acesso
Atualmente, é possível visitar a Cueva de la Pileta durante todo o ano, mas apenas com marcação prévia. As visitas são guiadas, realizam-se em grupos pequenos e decorrem entre as 10:00 e as 16:00 horas.
Os visitantes devem usar roupa confortável e chegar ao local pelo menos 20 minutos antes da hora marcada. O bilhete custa 15 euros para adultos e 10 euros para crianças com menos de 10 anos.
Acesso condicionado, mas experiência inesquecível
O acesso à gruta é feito através de uma escadaria de 101 degraus irregulares, o que pode ser desafiante para quem tem mobilidade reduzida. No entanto, quem consegue ultrapassar essa barreira física é recompensado com uma viagem ao passado mais remoto da humanidade.
As explicações do guia, juntamente com o ambiente fresco e escuro da gruta, proporcionam uma experiência imersiva e educativa, conforme aponta o El Confidencial.
Um legado a preservar para o futuro
A conservação da Cueva de la Pileta exige cuidados rigorosos. A entrada de visitantes é controlada para proteger as pinturas da humidade, da luz artificial e da ação do tempo.
Esta gruta é um exemplo claro de como a natureza e a história se unem para nos contar quem fomos. Ao visitar este espaço, cada pessoa contribui para manter viva a memória do passado da humanidade.
A história da sua descoberta recorda-nos que, por vezes, são os gestos simples que revelam os maiores tesouros. O que começou como uma busca por fertilizante, transformou-se num dos mais importantes achados arqueológicos da Europa.
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